ODE A JÓ

No prólogo como no epílogo

São ficções literárias

Discute-se a historicidade

Como coisa secundária

Sob a pessoa de Jó

Em linhas imaginárias

Este ser não existiu

É um poema fantástico

Quem o ler com atenção

Com sentido pragmático

Sua leitura é excelente

E deixa o leitor extático

É um romance de dor

Em toda sua estrutura

Como tema amoroso

Segundo a sua natura

É empolgante e seduzente

Como narra a escritura

Era um Jó paciente

Um Jó queixoso e passivo

Vivendo um grande drama

Às vezes se torna agressivo

Pelo grande sofrimento

Pro qual não tem lenitivo

Não sei qual o autor

De tão sábia poesia

Que para uma dor cruel

A fé é anestesia

Pois aquele que ama

Sabe fazer cortesia

O poeta ou profeta

Que escreveu este drama

Tinha o domínio da língua

Portador de grande fama

Diz: Quem sabe sofrer,

É aquele que mais ama

Quem fora o autor

Desta obra maravilhosa

Escrita antes do exílio

Em era esplendorosa

Ou se depois do exílio

Numa menção graciosa

Fala do sentimento

De quem ama de verdade

Sentimentalismo profundo

Com toda dignidade

Que sendo uma ficção

O torna em realidade

Só a alma do poeta

Tem tamanha projeção

Que a serviço de Deus

Se põe à disposição

E recebe do Senhor,

Em sonho, revelação

Só ele sabe explicar

Do seu verso, o sentido

Da dor, a profundidade

Do amor comprometido

Da fé que tem em Deus

Jamais se sente vencido

Jó, exemplo de fé

Também de confiança

Homem reto e fiel

Com firme perseverança

E nos desígnios de Deus

Sustenta sua esperança

Satanás pôs a mão nele

E dele tudo tirou

Ovelhas e camelos

Satanás devorou

Jumentos, bois e servos

Nada a ele restou

Jó recebe a noticia:

Tudo que tinha perdeu

Sua mulher reclamou

Ele a ela respondeu:

Tudo era do Senhor,

Eu nada tinha de meu

E disse: Eu nasci nu

E nu tenho que voltar

Deus me deu e tirou

Não tenho o que reclamar

E como deu e tirou

Eu não vou desesperar

Deus me encheu de bens

Dele tudo recebi

Se agora vem o mal

Eu lamento por ti

Eu louvo ao Senhor

E você só pensa em si

Eu agradeço ao Senhor

O bom tempo que eu vivi

E como não mal direi

Todo mal que eu sofri

Por bem dizer ao Senhor

Tudo em dobro recebi.

Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 07/07/2007
Reeditado em 07/07/2007
Código do texto: T555510
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