*MINHA AUTENTICIDADE MATUTA!!!

As minhas mãos calejadas

A minha pele trigueira

São as marcas registradas

Da minha vida roceira;

O meu semblante matuto

Demonstra que sou um fruto

Desse pedaço de chão

Que fica no “fim do mundo”.

Mas, sinto um prazer profundo,

Ao dizer, sou do sertão.

Eu muito me identifico

Com braúna e aroeira,

Com pau-carrasco e angico,

Com jurema e catingueira,

Com umbuzeiro, umburana,

Macambira, jitirana,

Xique-xique e gravatá,

Mandacaru e facheiro

Mororó e marmeleiro,

Palmatória e caroá.

Sou dócil, tão inocente,

Como o calango ou o teiú,

Por vezes experiente

Qual a raposa ou tatu,

Sagaz como o gavião,

Manso tal camaleão,

Esperto como o saguim,

Veloz como o carcará,

Atento como o gambá,

Astuto qual guaxinim.

Sendo um campesino forte

Sou igual a quixabeira,

E assimilo o meu porte,

Ao famoso pau-pereira;

Assim como juazeiro,

Serei sempre hospitaleiro,

No inverno ou no verão,

Ofertando a sombra amiga,

Que dá conforto e abriga,

Quem percorre a região.

Até posso ser descrito

Pelo o meu jeitão caipira

Como uma utopia, um mito,

Um caipora, um curupira,

Bicho-papão lobisomem;

Na verdade sou um homem,

Sem ufania ou vaidade,

Que adora a natureza,

Vivendo em total pureza,

Preservando a humildade.

Assim deixei relatada

A minha autenticidade,

Não quero mudar em nada,

Pois sinto a necessidade,

De seguir meu ideal,

Sendo sempre original,

Pois a muito percebi,

Que sou matuto de fato,

Se eu sou tão feliz no mato,

Porque vou sair daqui?

Carlos Aires

27/01/2016