Um roçado diferente

Um roçado diferente

Hoje decidi plantar

Roça na imaginação

Um roçado diferente

Que num tem pelo sertão

De semente preciosa

Uma lavoura valiosa

Nas terras do coração

Minha roça, seu moço

O mundo todo carece

O povo passa fome

E isso ninguém merece

Num é por falta de pão

E nem pela desnutrição

Que meu povo padece

Minha safra, seu moço

Vai alimentar a alma

Dessa gente que busca

Um pouco mais de calma

Um tantinho de atenção

Que caiba em nossa mão

Escorrendo pela palma

Já fiz o aceiro da broca

E o egoísmo encoivarei

Com o individualismo

Numa só coivara deixei

Além da tal desunião

Da raiva e da traição

Outra coivara montei

Com raios da sabedoria

Logo o fogo acendi

Vi o mundo nas labaredas

E da sua fumaça corri

As cinzas depois juntei

E além do tempo atirei

E nunca me arrependi

A broca tava pronta

Pra começar o semear

As sementes escolhidas

As melhores pra plantar

Doutros roçados do bem

Colhidas num sei por quem

Das safras do sempre amar

A primeira carreira

Cavei uma cova rasa

Plantei quatro grão de fé

Cultivado lá em casa

Sementes pequenina

Mas que muito fascina

Ao voar em suas asas

Ao lado outra carreira

Com covas parecidas

Plantei nela a gratidão

Sem nenhum inseticida

Quero que suas ramas

Ultrapasse as escamas

E invada umas vidas

Plantei outras sementes

De uns pés bom de perdão

Que eu havia guardado

No meu velho matulão

Das viagens do perdoar

Onde pude caminhar

Sem mudar a direção

Plantei uma cova funda

Semente de coragem

Já que poucos cultivam

Em meio as estiagem

Uma semente essencial

Pra cumprir nosso ideal

Em toda nossa viagem

Plantei outras sementes

De um grande semeador

Que cultivou no mundo

Sua roça em meio a dor

Com tanta dedicação

A semente da compaixão

Na vida do pecador

E na mesma carreira

Plantei a fidelidade

Já que pelo mercado

Só tem a falsidade

Por tonelada vendido

E por muito consumido

Desde a primeira idade

Também plantei a união

De uma safra antiga

Falta por todo mundo

Por isso de tanta briga

Quero de cuia um bilhão

Pra estocar no coração

E dar um fim nas intrigas

Plantei uns instintos pés

Da boa solidariedade

Para que as pessoas

Tenha mais caridade

Ajude aos nossos irmãos

Sofrendo da precisão

Que vive a humanidade

E seguindo todas covas

Do meu simples roçado

Lembrei-me do bom Jesus

Quando foi crucificado

Quando tanta semente

Plantou em nossa gente

Que por ele são amados

E seguindo tal exemplo

Desse grande agricultor

Que com sua palavra

Foi exímio trabalhador

Limpando a eva daninha

De nossa vida mesquinha

Como o bom cultivador

E as sementes da paz

Do cilo celestial

Cultivado no peito

Do que vive especial

Plantei vinte micovas

Dez grãos em cada cova

Pra acabar com todo mal

E de todas as sementes

Que tem seu grande valor

Plantei trinta micovas

Duma semente do amor

Colhida muito pura

Acredito ser a cura

Pra medicar o desamor

Vou cuidar do roçado

Com muita dedicação

O pro enfado da lida

Farei minha oração

Com meus olhos fechados

E de joelhos dobrados

E postas as minhas mãos

E pedirei para o vento

Trazer chuva de benção

Pra molhar o roçado

E brotar lindo pendão

Trazendo neles o fruto

Com os seus atributos

De uma antiga missão

E que o sol sempre brilhe

Com todo seu esplendor

Para que minha roça

Nunca perca o frescor

E seja um bom caminho

Pra livrar dos espinhos

Que nos causa tanta dor

Cultivarei sem medo

E quero logo ir colher

A safra dessas sementes

Que é preciso pra viver

Encilharei em toda vida

Pra cicatrizar feridas

Que o tempo fez nascer

E a fome do espírito

Tentarei a amenizar

Com simples e pura roça

Que resolvi plantar

Nas terras do coração

Adubado de imaginação

Pra esse mundo melhorar

Seguir os passos de cristo

O ser que me ensinou

Como cultivar essa terra

Pois em mim já germinou

A vontade de o seguir

E com os outros dividir

O mundo que me ofertou

Lino Sapo
Enviado por Lino Sapo em 21/01/2016
Reeditado em 16/10/2016
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