*A VIDA DISTANTE DO SERTÃO.

NÃO CONSIGO JAMAIS ME ACOSTUMAR

COM A VIDA DISTANTE DO SERTÃO.

(Mote e glosas, Carlos Aires)

Sou de origem matuta, mas um dia,

Precisei me mudar pra zona urbana,

Pois a seca cruel forte e tirana,

Expulsou-me da minha freguesia,

Não pensava em deixar e nem queria,

Ir embora pra outra região,

Mas o caso ficou sem solução,

E eu fui obrigado a me mudar,

Não consigo jamais me acostumar

Com a vida distante do sertão.

No sertão eu estava acostumado

Acordar com o galo de campina,

Hoje é com o barulho da buzina,

Que me acordo tristonho e desolado,

O ar puro do campo foi trocado,

Por um ar que só tem poluição,

E por mais que eu tente sei que não,

Na tal urbe irei me adaptar,

Não consigo jamais me acostumar

Com a vida distante do sertão.

Na casinha de taipa em que eu morava

Mesmo pobre e singela, era meu porto,

Hoje a casa que moro tem conforto,

Mas conforto pra mim não precisava,

Era do meu ranchinho que eu gostava,

E sentia prazer no coração,

Onde habito é quase uma mansão,

Mas não sinto prazer nesse lugar,

Não consigo jamais me acostumar

Com a vida distante do sertão.

O local onde sou bem empregado

Tem de sobra o luxo e a vaidade;

Mas, sentia bem mais felicidade,

Na cocheira lutando com o gado,

Preferia cuidar do meu roçado,

Cultivando arroz, milho e feijão,

Do que está exercendo essa função,

Que pratico, mas faço sem gostar,

Não consigo jamais me acostumar

Com a vida distante do sertão.

Carlos Aires

18/01/2016