Poesia de Cordel - O SÍTIO DE MANOEL BENTO

O sítio de Manoel Bento

Fica na cidade de Queimadas, Estado da Paraíba. Visitei-o em janeiro de 2007 quando estive de férias por essa cidade.

Fiquei impressionado em ver como o senhor Manoel trata a sua horta, no quintal de sua casa, em uma área de mais de um hectare e onde ele planta jerimum, batata, pinha, umbu, cajá, chuchu, banana, feijão, milho, etc, etc, etc...

Chegando lá eu encontrei um de seus filhos recém chegado de São Paulo, agora não lembro-me do seu nome... Fui levado por Roberto, meu sobrinho, e convidado por sua esposa, Adilma. Isso foi num sábado.

Pois bem, ao chegar a casa de Seu Manoel, deparamos logo com uns jerimuns trepados feito chuchu, e aí vimos como é feito a polinização de sua horta. Para esta tarefa, o senhor Manoel transporta do mato uns besouros mangangás que são os “engenheiros” encarregados de realizar a tarefa da polinização.

Seu Manoel traz os mangangás, coloca-os na horta e os besouros são bastante pontuais, pois na hora certa eles saem da toca e iniciam o trabalho da polinização. Outro fato curioso é que quando Seu Manoel quer cultivar, por exemplo, um jerimum grande, ele pega o pólen de outro jerimum, coloca pra secar, depois tritura e pulveriza os jerimuns recém vingados. Dessa forma, os frutos dão um salto na produção e crescem de maneira diferente.

Seu Manoel Bento é um verdadeiro agrônomo, sem diploma universitário, mas o seu trabalho é feito com muito carinho e disciplina. Por isto mesmo é diplomado na universidade da vida. Seu Manoel fez, inclusive, uma operação em uma jaca. E não adianta dizer que é mentira, pois além de fotografar, também filmei a ação.

Quem quiser comprovar o que digo é só ir até Queimadas e procurar por seu Manoel Bento. A sua casa fica na Rua do Cruzeiro, na subida para Gravatá dos Vélez.

Finalizo este meu depoimento com um cordel e agradecendo a Seu Manoel Bento.

Floriano,

Recife, 05 de fevereiro de 2007

Só um lembrete:

Esta visita aconteceu no dia 06/01/2007, pela manhã.

RECIFE, 05 de fevereiro/ 2007

O sítio de Seu Manoel

É diferente dos demais.

De tudo tem um pouco,

E ele não mede esforço,

Ainda quer muito mais.

O sítio de Seu Manoel

Fica bem no pé da serra,

Na estrada do cruzeiro

Onde a paz se encerra.

Seu Manoel planta de tudo

Vive alegre não é sisudo,

Feliz, não pensa em guerra.

Fica bem no pé da serra

Na cidade de Queimadas,

No Estado da Paraíba

A terra bem cultivada,

Na entrada tem sua casa,

A sua querida morada.

No sítio de Seu Manoel

Sopra a brisa e passa vento,

Tem cheiro de melancia,

É seu querido aposento.

Tem pinha, tem siriguela,

Banana madura amarela

No sítio de Manoel Bento.

Tem acerola, tem pitomba

Tem caju, tem macaíba,

Tem cajá e jabuticaba,

Jaca, com fruta em riba.

Tem sapoti e tem mamão,

Esse sítio é na região

O melhor da Paraíba.

O sítio de Seu Manoel

Precisa ser divulgado,

Como ele é promissor,

Por Seu Manoel cuidado.

Tem chuchu e melancia

E jerimum dependurado.

Tem quiabo, tem maxixe,

Abacaxi e maracujá.

Jaca mole e jaca dura,

Tem umbu e tem cajá.

Tem manga espada da boa,

Seu Manoel não fica à toa

No tronco do jatobá.

O trabalho é bem cuidado

Tem efeito profissional,

Seu Manoel é um técnico

Conhece espécie de cada qual.

Ainda na polinização

Usa um exótico animal.

Ele o traz para o sítio

Dentro do oco de um pau,

Este faz a polinização

De uma maneira natural.

Utiliza o tal besouro e

O resultado é excepcional.

Seu Manoel é bem zeloso

Pelo sítio tem devoção,

Desde o preparo da terra

E a semente na seleção.

A época certa para o plantio

É um momento sadio

E tem muita satisfação.

Ele utiliza o besouro,

Ou seja, o mangangá

Para polinizar jerimum,

O mamão e o maracujá.

Mangaba, sapoti, caju

E ainda pinha e umbu,

Graviola, abacate e cajá.

Seu Manoel já é famoso

E depois deste cordel

Ficará conhecido no mundo,

Pra ele eu tiro o chapéu.

Seu trabalho já rendeu fruto,

E quiçá, vai enviar produto

Para a cura de Fidel.

Seu Manoel planta de tudo

Pega o mato, amassa e vira,

Corrige, faz a colagem,

Acreditem, não é mentira.

E para este cordel terminar

Só não vi maniçoba nem caroá,

Nem jurema e nem macambira.

Seu Manoel tem conhecimento

Em sua tecnologia local,

Mas também para ensinar

A china, Japão e Portugal.

Venezuela, Chile e Alemanha,

Os Estados Unidos e Espanha,

E domingo, no Globo Rural.

Floriano – Recife, 05 de fevereiro de 2007

Texto inicial e poemas, revisados e organizados pelo poeta Paulo Seixas, em setembro de 2015.

Uma iniciativa dos filhos de Seu Manoel Bento, Maria Auxiliadora, Eduardo, Afonso, Jerônimo, Miriam, Emília, Vera Lúcia, Renilda e Maria José, e também da matriarca, Dona Rosinha, netos e bisnetos, ao prestar essa merecida homenagem em vida ao vosso querido mestre.