A VERDADEIRA HISTÓRIA DO DISCO AVUADOR DE ANGICOS RN
Nos finais dos tempos
Mui coisa vai acontecer
Já dizia Padim Ciço
E jamais vou esquecer
Dessa dita bendita
Faz quem num acredita
Começar logo a crer
Eu nunca tive medo
Das coisas desse mundo
Nunca deixe de dormir
Nem mesmo um segundo
Temendo coisa ruim
Se quisesse podia vim
Queu enfrentava tudo
Mas a minha valentia
Se acabou essa semana
Dar vergonha em dizer
Fui pra debaixo da cama
Tremendo e suando frio
Essa é a verdade meu fio
Se acabou minha fama
Foi em nossa angicos
Que o fato se passou
Nem tem como eu falar
Do tamanho do terror
Juro pelo sagrado
Por Jesus crucificado
Que vi um disco voador
Um bicho cheio de luz
Piscando aqui e aculá
Indo purriba das casas
Quereno alguém pegar
Deu pra eu vê direitim
Tinha cinquenta ETzim
Pronto para aterrizar
O tumulto foi grande
Aqui em toda a cidade
Gente só desmaiando
Em toda comunidade
Uns parados gritano
Outro tanto chorando
Que fazia dó e piedade
Na nossa igreja matriz
Tinha um casamento
Quando viram o bicho
Noiva deu passamento
O padre se tremeu todim
Eita é hoje que é o fim
O dia do arrebatamento
Na câmara municipal
Uma lei tava em questão
Quando viram as luzes
Ficaram todos sem ação
Teve vereador que mijou
Um bocado desmaiou
Dizendo num me leve não
O prefeito quando viu
Nem conseguiu falar
Ficou duro e mudo
Só pra o céu a espiar
E naquela situação
Num teve um só babão
Pra mode lhe abanar
O delegado ao avistar
Correu pra delegacia
Tremendo como cipó
Rezou nove ave Maria
Trancou todos cadeados
Ficou desesperado
Com a maimota que via
Dona Maria do circo
Quinze anos intrevada
Quando viu o tal disco
Saiu desbanguelada
Passou purriba dum trator
Quebrou a porta de Arnor
E foi parar na latada
Zé do pão discutindo
Com o seu novo vizinho
Quando ele olhou pro céu
Saiu bem de fininho
Num disse nem mais um piu
No mei do camim caiu
Por lá ficou quietinho
Na escola do estado
O sufoco foi pior
Os alunos se agarraram
Chorano que fazia dó
O diretor quis resolver
Mais só faltou morrer
Quando viu que tava só
Foi correria danada
Como nunca aqui se viu
Choro, lágrimas e gritos
Como tiro de fuzil
Gente todo arranhado
Devido ao malvado
Que nos achou pelo Brasil
No hospital, minino
Lá sim que foi tumultão
Médicos e enfermeiras
Que estavam de plantão
Agarraram o segurança
Entraram na ambulância
Ficou os doentes na mão
Ainda tem uns perdidos
Nas nossas serras por aí
Se achou quinze velhos
La no pico do cabugi
Uns se armaram de pau
Se mandaram pra natal
Dizendo não voltar aqui
Corajoso só Bibiu
Que vive alcoolizado
Quando percebeu o bicho
Ficou mei enraivado
O bazeiro se mandou
Sua cachaça não botou
Abandonou o mercado
Bibiu que nada gostou
Ficou muito injuriado
Rebolou umas pedradas
Pra derrubar o danado
Acertou uma em corisco
Que jura que foi o disco
Atirando pra todo lado
Depois de duas horas
Foi que a coisa se acalmou
O disco desapareceu
Num sei que rumo tomou
Mas aqui o desespero
Galo deixou poleiro
Na bueira se socou
Completei noventa anos
E nunca havia visto
Já tinha ouvido falar
De história de disco
Mas vi um de verdade
Bem na minha cidade
Aterrorizando angicos
Tem uns mintirosos
Quereno nos enganar
Falam duns tone, drone
Uma coisa de fotografar
Mas eu vi os ET’s tudim
Tinha uns bem verdim
Quereno nos sequestrar
Eu vi cum esses meus zoios
Que a terra há de comer
Uns bichos dos oios grandes
Só espiando nós correr
E a ruma lá de cima
Mangano de nossa sina
Ao tentar nos proteger
Amanhã mesmo parto
Num vou ser abduzido
Esse tal disco avuador
É muito do maluvido
Vá dá Carrera no cão
Deixe angicos e o sertão
Extraterrestre atrivido