PARABENIZAR DE TOINHA DO FARELO

A essa menina mimosa

Enveredo meu perdão

Devido umas atrapaiadas

Não irei a seu festão

Mai era meu interesse

Está a ir de coração

Desde o ano passado

Preparei pra festança

Sabia que teria comida

Muita bebida e dança

Deixei o cabelo crescer

Prumode fazer trança

Comprei metros de chita

Uma camisa fui fazer

A bicha era infestada

Até cuecas deu pra cozer

E uma apragatas de sola

Muito sucesso ia ter

Me alembro com alegria

O dia que você nasceu

Vinte e um ano se passou

Nem vi como você cresceu

Mai me disseram que tá

Bunita feito um bebeu

Tem zoios isverdiados

Da cor dum beija-flor

Uma pele amarelada

Que nem um vei insopô

Os dentes cheios de ferro

Duro feito o estopô

Dizem que não é de briga

Nem gosta de malquerença

É um anjo aterrazado

Um amor desde nascença

Uma menina abunitada

Chega da encandecença

E hoje nesse dia lindo

Mai um ano já interou

E vai fazer uma festança

E os amigos já convidou

Vai ter buchada e picado

Cachaça, vinho e licor

Fico intristecido

De não puder festejá

Te sapecar uns abraços

E os meus presentes dar

A vida me aprontou uma

Nem sei como te contar.

Preparei meu roçado

Na primeira invernia

Trabaei feito jumento

De noite ao raiá do dia

Te dar uns bons presentes

Era a minha planaria

Mai o inverno foi pouco

O que plantei nem nasceu

O pouco que inda vingou

A formiga veio e comeu

Até meu boi de capinar

De um tingui ele morreu

Mai sabe como é a vida

O sufrimento do agricutô

Não deixei kas maruzia

Impeça ser presentiador

Meu porco morreu ontem

E vendi a carne a dotô.

Com o dinheiro que apurei

Uns presentes fui comprar

Comprei um metro de sola

Uns anzóis e um landuar

Um litro de óleo de coco

Pente, broxe e um cocar

Quero que fique bunita

Com os presentes que dei

Seus cabelos brilhosos

Dividido bem no mei

Mui cheirosa e dengosa

Encantando inté o rei

A sola cê reparte certo

Veja bem Iza do Marmelo

Dividindo direitin

Dá pra fazer um chinelo

Uma apragata muito boa

Que serve até de martelo

Perdoe-me não ter ido

É cum acidente aconteceu

Quando montei no burro

Não percebi o erro meu

A rabichola ficou frouxa

E a cangaia logo desceu

Cai bem nos pés do burro

Levei um coice no fucim

Os caçuá caíram tombém

Tudo purriba de mim.

Quebrei uma custelas

O dedo polegar e o mindim

Perdi todos presentes

Um barril de mé arapuá

Cinco quilo de toicim

E um e mei de jabá

A fuçura do meu porco

Dois punaré e três preás.

Prumode isso não vou ai

O burro tombém se machucou

Os caçuá se quebraram

E a rabichola se cortou

Vou isperar uma miora

Dessa caninga do istopor

Me adiscurpe Izinha

O meu jeito de falar

Sou matuto do sertão

Num sei se apronunciar

Sou vaquêro e agricultô

E só da terra sei tratar.

Mai nesse dia dalegria

Quero le parabenizar

Desejar muita saúde

E dinheiro pra gastar

Uma rapadura boró

Prumode você lanchar

Mandarei uma lembrança

Aqui mesmo do meu sertão

Uma cuia de farinha

Um jerimum e um melão

Uma garrafa de mantega

Uma estopa de algodão.

Perdoe pela humildade

Nessa data especiá

Gostaria par danado

Um presente bom te dar

É que as coisas ta difícil

Até o bolsa famia vão cortar.

Seja feliz nessa data

Que os anjos digam amém

Do fundo do coração

Meus sinceros parabéns

Que Deus sempre a pruteja

E a sua famia tombém

Nas rimas impruvisada

Vai o meu parabenizar

Mui felicidade e saúde

Um cabôco pra namorar

Sorte e sucesso na vida

Deus continue te abençoar

Aceite esses versinhos

Desse matuto sonhador

Mai que tem no Coraçao

Pru você muito amor

Seja a lua meu presente

Dada por seu admirador

Lino Sapo
Enviado por Lino Sapo em 16/08/2015
Reeditado em 09/10/2016
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