Sou um facho de luz que brilha a vida Sou a paz sufocando a cruel guerra
Mote e glosa:
Carlos Silva
Sou pedaços de nuvens arribadas
Sou o vento tangente da campina
Sou vapores rompendo a neblina
Sou barulho daquelas trovoadas
Sou corrente da chuva nas aguadas
Sou o vento veloz no pé da serra
Sou segredos que a vida não enterra
Sou a certeza da luta indefinida
Sou um facho de luz que brilha a vida
Sou a paz sufocando a cruel guerra
Vejo na natureza a criação
De um projeto de vida do Divino
Tenho a paz reservada ao menino
Que conversa com Deus em oração
Seu pedido o bom pai não nega não
O cabrito que é bom assim não berra
Quem é certo com Cristo nunca erra
Segue reto o caminho da sua lida
Sou um facho de luz que brilha a vida
Sou a paz sufocando a cruel guerra
Eu sou pau de porteira do cercado
Limitando a divisa da estrada
Sou a sombra o descanso da jornada
Mata burro do chão ali crivado
Nesse solo tão cru fui batizado
Meu umbigo plantado aqui na terra
E o meu labutar nunca encerra
Pois aqui me pariu mamãe querida
Sou um facho de luz que brilha a vida
Sou a paz sufocando a cruel guerra
Aprendi nas novenas nordestinas
Rezar terço um credo e dizer amém
Quem tem fé é um devoto também
Sabendo respeitar estas doutrinas
Vejo cruzes fincadas nas colinas
E quem crê no oficio não emperra
Não tropeça não mente e não se ferra
E tem a recompensa garantida
Sou um facho de luz que brilha a vida
Sou a paz sufocando a cruel guerra
Num bailado de rimas me despeço
A todos vou dizendo obrigado
Creio eu que deixei o meu recado
Meu versar é tão curto que nem meço
Um favor meu amigo agora peço
Sua fé no bom Deus ninguém enterra
Por aqui nossa luta não encerra
É herança do pai bem recebida
Sou um facho de luz que brilha a vida
Sou a paz sufocando a cruel guerra