O Perigo
Na paquera da vizinha,
O marido me seguia,
Se ela fosse eu também ia,
Se ela vinha em também vinha
Ele fez isca, anzol e linha,
De olho aceso na vigia,
Do perigo que eu corria,
De certeza alguma eu tinha.
Eu entrei na casa dela,
Sem me dá conta da asneira,
Ele estava com a peixeira,
Preparando-me a esparrela.
Quando eu me atraquei com ela,
Lá dentro da camarinha,
Ele entrou pela cozinha
E segurou-me pela goela.
Ele perguntou: - Seu cabra!
Pensa que minha mulher
É igual a uma qualquer?
Abra a boca o quer que eu abra?
Vou comer a sua língua,
Com farinha e cachaça,
E ainda vou achar graça,
De você morrendo à mingua.
-Não é o que ocê tá vendo,
Vim olhar o que é preciso
Pra botar no dente siso,
Que em sua mulher ‘stá nascendo.
Sou dentista, pode crer,
Que atende a domicílio,
Vim prestar pequeno auxílio,
Pra sua esposa não morrer.
Eu não sou fora da lei,
Tenha pena do dentista!
Pinto e bordo, sou artista,
Noutras horas ainda sou gay.
Ele olhou desconfiado,
Hirto, fundo respirei,
Dei um pulo e evaporei,
Mais depressa que apressado.
Agora eu vivo fugindo,
E os problemas evitando,
Quando ela vai ‘stou voltando,
Quando ela vem eu estou indo.
Aracaju-Sergipe, 29/ 06/ 2015