*VIVER NA ROÇA É ASSIM!!!

VIVER NA ROÇA É ASSIM!!!

Às quatro e meia levanta

Para cuidar da ordenha;

Faz o fogo e lasca a lenha,

Pra fazer almoço e janta,

Vai para o roçado e planta,

Feijão, milho, amendoim,

Fava, batata e capim,

Jerimum, alho e verdura,

Pra que garanta a fartura,

Viver na roça é assim.

Joga milho no terreiro

Para as galinhas e o galo,

Bota reação pra o cavalo,

Ceva o porco no chiqueiro,

Chama o cachorro trigueiro,

Cujo nome é “arlequim”;

Irriga um pé de jasmim,

Pra que brote a flor cheirosa,

Também rega o cravo e a rosa,

Viver na roça é assim.

Para enrolar o cigarro

Usa uma palha de milho;

Bate a enxada no trilho,

Pega a quartinha de barro;

Logo atrela os bois no carro,

Todo dia faz assim;

Convida o filho Crispim,

E juntos vão pra campina,

Para cumprir a rotina,

Viver na roça é assim.

Monta no velho alazão

Que se chama “pirilampo”

E vai percorrer o campo,

Pra cuidar da criação;

Vai buscar um boi ladrão,

Que tem instinto ruim;

Quando encontra o bicho, enfim,

Leva e prende no curral,

Confinando o animal,

Viver na roça é assim.

Quando chega o São João

Muito alegre o povo fica;

Sobra pamonha e canjica,

Cachaça, vinho e quentão;

Na frente do casarão,

A fogueira faz festim,

Quando acende o estopim,

Explode o som da roqueira,

Que ecoa na cordilheira;

Viver na roça é assim.

Dezembro se aproxima

Já se pensa num renovo,

Pra natal e ano novo,

Todo pessoal se anima;

Começa esquentar o clima,

Surge alegria sem fim;

Tuba, pistão e clarim,

Garante a animação,

Logo após a procissão,

Viver na roça é assim.

O camponês no domingo

Sempre comparece a missa;

E sem que haja cobiça,

Vai a quermesse ou ao bingo,

Bem vestido qual um gringo,

Usa uma roupa de brim;

Talvez ele esteja afim,

De arranjar uma donzela,

Pra depois casar com ela,

Viver na roça é assim.

Do campo sinto saudade

Daquela vida modesta,

Bem no meio da floresta,

Longe da modernidade,

Na maior tranquilidade,

Sem revolta nem motim;

A maciez do cetim,

Vem na leveza da brisa,

Que bem fagueira desliza,

Viver na roça é assim.

Carlos Aires 12/04/2015