*O “A B C” DA SAUDADE!!!

O “A B C” DA SAUDADE!!!

(A) Agora vou dá início

A um trabalho reluzente;

Falando de um sentimento,

Que afeta o peito da gente,

E vou tomar liberdade,

Pra descrever a saudade,

De um modo bem diferente.

(B) Bate a saudade plangente

No fundo do coração;

Quando um amor se desfaz,

Pondo fim numa paixão,

Destrói a doce alegria,

Gerando a melancolia,

Desgosto e desilusão.

(C) Causa dor e emoção

A saudade quando aperta;

Invade as veias do peito,

E ali deixa a porta aberta,

Pra que adentre o langor;

Deixando a paz e o amor,

Sempre em estado de alerta.

(D) Da procura pra oferta

Leva-se em conta a demanda;

É bom conter a saudade,

Bem antes que ela se expanda,

E assim domine o sujeito,

Causando-lhe um mau efeito;

Pois onde ela adentra, manda.

(E) É bem ampla a propaganda

Da saudade aonde vai;

Um exemplo é quando um filho,

Que de sua casa sai,

Em busca de nova vida,

Deixa em pranto a mãe querida,

E bem desolado o pai.

(F) Fica tristonho o que vai

Viajar para distante;

A saudade no seu peito,

Age de forma constante,

Deixa-lhe de baixo astral;

E da terrinha natal

Não esquece um só instante.

(G) Gera aflição no semblante

Daquele que está doente;

Nele a saudade se infiltra

E planta a sua semente;

Que eclode e é bem aceita,

Na certeza da colheita,

De pranto e dor brevemente.

(H) Haja saudade inclemente

Quando a mãe enternecida,

Ver do filho no caixão

O corpo inerte sem vida,

Esse quadro lhe consiste

Na cena amarga e mais triste

Que foi por ela assistida.

(I) Isso a deixa comovida

E a languidez lhe atormenta;

Abraça o filho querido,

Lastima, chora e lamenta,

A saudade dá-lhe um tranco,

E pra ser bastante franco,

Nem sei como é que ela aguenta.

(J) Já a saudade se ostenta

E até nos deixa abalado;

Relendo as páginas do livro,

Que estava bem guardado

Lá no baú da memória,

Trazendo a tona a história,

Que vivemos no passado.

(L) Lentamente demonstrado

Esse outrora traz de volta;

O tempo feliz da infância,

Que ainda nos faz escolta,

Provoca tantos anseios,

E a saudade nesses meios,

Pega carona e se solta.

(M) Mas, não nos causa revolta,

Traz boas recordações;

Pois essas reminiscências,

Reativa as emoções,

E sem que nos cause entrave,

A saudade vem suave,

E adentra nos corações,

(N) Não temos decepções

Nas quimeras revividas;

E nem do que reclamar,

De tantas vindas e idas;

Mesmo sentindo saudade,

Revela a felicidade

Ao longo das nossas vidas.

(O) Ora as antigas feridas

Já estão todas sanadas;

Restam só as cicatrizes,

Pequenas, quase apagadas,

Sem chances para a saudade,

Expor oportunidade,

De vê-las reinflamadas.

(P) Pelas longínquas estradas

Passo a passo caminhando;

Nosso passado feliz,

Para trás vamos deixando,

O presente é inseguro;

E na estação do futuro,

Está a saudade esperando.

(Q) Queremos que um dia quando

Findar-se o nosso caminho;

Na parada da saudade,

Não haja pedra e espinho,

Pra que o corpo sepultado,

Deixe ali seu nome honrado,

Pra se evocar com carinho.

(R) Rememorar com alinho

O ente que foi embora;

Lembrar seu límpido passado,

É o que nos resta agora,

Deus sabe da hora certa;

E quando a saudade aperta,

O pranto emerge e aflora.

(S) Sabe-se o quanto demora

Passar essa tempestade.

Mas o tempo se encarrega,

Mesmo com morosidade,

De apagar essa lembrança,

E nos deixar como herança,

A mais terrível saudade.

(T) Temos a capacidade

De superar tais momentos;

E mesmo que seja à custa,

De dores e sofrimentos,

A saudade se aproxima,

Mas, nós passamos por cima,

Suplantando tais tormentos.

(U) Um dos fortes elementos

Para afastar o langor;

É lembrar que o que partiu,

Pra o andar superior,

Mesmo deixando saudade,

Está cumprindo a vontade,

De Deus, nosso Criador.

(V) Vamos agora transpor

As barreiras desse drama;

Esquecendo os maus instantes,

Que a saudade nos proclama;

Portanto vamos tentar

De vez, nos recuperar,

Reacendendo essa chama.

(X) Xingar não está na trama

Que envolve nossa saudade;

Pois se ela nos atormenta,

Mas, noutra oportunidade,

Consegue mudar de forma,

De repente se transforma,

Num mar de felicidade.

(Z) Zelei pela qualidade

Nos versos desse cordel;

A saudade foi o tema,

E de maneira fiel,

Agora chego ao final,

Vou aguardar seu aval,

Pois já cumpri meu papel.

Carlos Aires 23/03/2015