MARÇO, MÊS DAS MULHERES!
As mulheres
01
Todo dia é o dia
Da honrada mulherada
Quem não foi homenageada
Coloco nessa franquia
Seja a do boia fria
Do mendigo e do doutor
Eu dedico meu amor
Num cordel descontraído
No meu modo distraído
De um poeta amador
02
Primeiro vou dar valor
A classe alta da vida
A que anda distraída
Como a mulher do ator
Que mesmo sendo uma flor
Não passa de aquarela
Por mais que ele ame ela
Se abastece em outras bocas
Os chifres chamo de tocas
Que pra ambos é balela
03
Parabéns pra a donzela
Que vem do berço de ouro
Conservando seu tesouro
Sem ninguém pôr a mão nela
Ou mesmo a Cinderela
Que fantasia o artista
A que é ginecologista
Com marido trapaceiro
Lhe imitando o tempo inteiro
Lá longe de sua vista
04
A mulher do massagista
Que não faz serão em casa
Todo dia se atrasa
Finda sendo manobrista
Do bancário do dentista
Honradas eu sei que são
Abraço a do barão
Que tem poupança de sobra
A do Juiz sem manobra
Eu mudo o meu refrão
05
Basta o aperto de mão
Respeito a autoridade
Juiz manda na cidade
No Estado e na nação
Tenho outra opinião
Pra mulher do deputado
Quem vive todo enfaixado
Mentindo por onde anda
Em casa tudo desanda
É crise pra todo lado
06
Do promotor empossado
A mulher fica orgulhosa
O homem não é de prosa
Está sempre do seu lado
Empresário apaixonado
A mulher vive no luxo
Tem filho não quebra o buxo
Parece uma bailarina
Onde também se destina
O mesmo cordel que puxo
07
A dama que serve o bruxo
Anda num mundo encantado
A mulher do aposentado
Que tudo já ficou murcho
Do nordestino ao gaúcho
Da classe mais elevada
Trilhando na mesma estrada
Sem chance mais de vigor
Fazendeiro e contador
Também se sinta abraçada
08
Aquela aposentada
Que ninguém ouve as queixas
As suas melhores deixas
Por cada um desprezada
A professora fadada
Com sonhos e ilusões
Onde os reais tostões
São tudo que são reais
Se tudo são desiguais
Elas perdem as questões
09
A dama dos figurões
Farmacêutico sem honra
Do médico que lhe desonra
Sem lhe proferir sermões
Castrando suas ações
Só eles quem são honrados
Se nada fazem isolados
Nunca descobrem doenças
Do bioquímico as densas
Desonras dos resultados
10
Assim vão dos graduados
As mulheres que narrei
Todas elas abracei
Se faltaram ser lembrados
Sintam por mim abraçados
Na classe alta que são
Se todos tem formação
Ele e elas vivem bem.
Me dirijo a quem não tem
A mesma graduação
11
É um mês de diversão
Como um outro qualquer
Mais esse deram a mulher
Num gesto de compaixão
Nada mais que repressão
Nesse dia foi marcado
A lembrança do passado
Que em março se renova
Pra sabermos que tem prova
Pois tudo foi registrado
12
Dentro do mesmo quadrado
Nesse assunto em apreço
Onde o valor não tem preço
Nem tem grupo separado
Fiz o primeiro tratado
A classe alta exibi
Agora me revesti
Da classe que faço parte
Para usar minha arte
Que até aqui construí
13
Na mulher pobre entendi
Que o sofrimento é maior
Seu dia não é menor
Por isso que aplaudi
Na hora que dividi
Na ideia dei risada
Amando a mulherada
Do mesmo jeito da rica
Essa risada se estica
No humor dessa jornada
14
Pé no chão sem temer nada
Sincero na expressão
Abraço pro sapatão
E sua sapata amada
Uma mulher camuflada
É mulher do mesmo jeito
Um vice e verso imperfeito
Num mundo dos mais modernos
São os dois leitos maternos
Cruzando no mesmo leito
15
Honro a mulher do prefeito
Cidade do interior
Do pião do caçador
Do homem sem preconceito
Juiz sem ser de direito
Vivendo do alugado
A mulher do delegado
Delegando sem estudo
Do careca e cabeludo
E mulher de advogado
16
Tem também a do veado
Que é sempre mais bonita
Ele se mantem na fita
Chamegando camuflado
Um amor de cada lado
E a mulher inocente
Abraço pra o vidente
Que não lhe descobre nada
Desconfia mais calada
Por ser muito inteligente
17
Do alcoólatra dependente
Do fumador fedorento
Do jogador zuadento
Um homem com três fluente
Um três em um comovente
Ao exibir a nobreza
Pra ser o melhor da mesa
Em todo lugar que for
Exalando seu odor
Um símbolo da impureza
18
Quem serve de sobremesa
Não sabe fazer manobra
Sua honra sua obra
Forte é sua grandeza
É heroína indefesa
Maior mulher desta lista
Ou mulher do taxista
Que tem o mesmo legado
A mulher do aleijado
Violeiro e senegrafista
19
Do vaqueiro e tratorista
Padeiro que queima a rosca
Feridento chei de mosca
A mulher do socorrista
Caminhoneiro e frentista
Ainda a do boia fria
Comendo uma vez por dia
Quem vive no alugado
Com filho pra todo lado
Do cego que desconfia
20
Do magico com sua magia
Terapeuta e assassino
Lamentando do destino
Se sente sem serventia
Do sapateiro e vigia
E do corno conformado
A mulher do assustado
Que faz tudo em correria
Toda mulher nesse dia
Eu aplico meu recado
21
Do pescado enojado
Com fama de mentiroso
Do cabra que é preguiçoso
Do humorista engraçado
Do violeiro afamado
Do que porta marca-passo
Do trapezista e palhaço
Do homem que é sabatista
Te a sexta é otimista
No sábado só ver cansaço
22
Ainda no mesmo espaço
Do feridento com ínguas
Mulher do que fala línguas
Aos poliglotas eu abraço
Do que só fala em cabaço
Do obeso intransigente
De qualquer um influente
Do eleitor ao politico
Do médico ao paralitico
Toda mulher é descente
23
Para a mulher sorridente
A sogra e a vovó
A que está no caritó
Com fervor dentro da mente
A mocinha inocente
Visada por ser mulher
A que não sabe o que quer
Vou a todas abraçando
Em verso homenageando
Com beijo pra quem quiser!!