*ESSE É O NORDESTE DA GENTE!!!
ESSE É O NORDESTE DA GENTE!!!
Como sertanejo autêntico
Sou procedente do mato,
E vou mostrar com detalhes
O que conheço de fato,
Desse lugar esquecido,
Onde seu povo sofrido
Vive com dificuldade,
Mas, anda de fronte erguida;
De bens, só possui a vida,
E muita dignidade.
Nossa história se transforma
Numa verdadeira saga;
Com originalidade,
Pelo mundo se propaga;
Falam que os nordestinos,
Não passam de peregrinos,
De rudes e analfabetos;
Porém aonde chegamos,
Boas notas conquistamos,
Por sermos muito corretos.
Aqui não temos estudo
Como se tem na cidade;
Mas, mantemos os conceitos,
Da educabilidade;
Num linguajar diferente,
Pronunciamos “oxente”,
“Inté”,“Prumode”, “Pruque”;
“Simsinhô” e“Simsinhora”,
“To pruqui mais vomimbora”
E “Cuma vai vosmicê”.
De manhã por cumprimento!
Dá-se um alegre bom dia;
Em respeito aos mais idosos
Diz: Seu Zé, Dona Maria,
Mantendo a antiga crença,
A criança toma “abença”
A velhinha, ao ancião;
Como é nobre a nossa gente,
Tem um viver diferente,
Mas, é puro o coração.
O cardápio sertanejo
Jamais sai do seu padrão;
É leite, queijo, coalhada,
Carne de bode, pirão,
Feijão de corda, pimenta,
Fava, pamonha, polenta,
Uma galinha guisada,
E assim por detrás de casa,
Num fogareiro de brasa
Carne de sol bem assada.
E a roupa do campesino
Antigamente era assim;
Calça de alvorada ou mescla,
Bramante, caqui, ou de brim,
Umas camisas listradas;
As botas bem engraxadas,
Um cinto largo de sola;
Quando ia para o forró
Era um velho paletó,
Com um broche preso na gola.
Já a cabocla roceira
Bem caprichava na chita,
Nos pés calçava havaianas,
Usava um laço de fita
Na cabeça, e bem charmosa,
Colocava um cravo, uma rosa,
No cabelo, ou na lapela;
Sem pintura ou maquiagem,
Mas, digamos de passagem,
Ficava assim, bem mais bela.
Exaltei nesse poema
Nosso Nordeste oprimido,
O Sertão em que me ufano,
De nesse chão ter nascido;
Ao descrever os perfis,
Dos brejos e Cariris,
Da caatinga ressequida;
Enfim, esse meu torrão,
Causa-me tanta emoção,
Oh! Minha terra querida!
Carlos Aires 19/02/2015