O “CAUSO” DAS BOLSAS
(Entre os meus primeiros cordeis)
A novidade menos esperada
Para este ano de 1998,
Não foi a queda da Bolsa asiática
Nem Gabriel molhando o biscoito.
E sim, o fim da “mamada”
De um alunadozinho afoito.
Se a Bolsa de Valores cai,
Imaginem então de estudo.
Só se vê gente preocupada,
Mas com promessa não me iludo,
Até porque nessa Queimadas
Acontece sempre de tudo.
São tantos pais de família
De vida humilde e sofrida,
Que por vezes não pode arcar
Nem com as despesas de comida,
E agora pra ver o filho estudar
Terá que sacrificar a barriga.
Isso porque os colégios públicos
O José Tavares ou Ernestão,
Já se encontram superlotados
Tal qual as celas de uma prisão.
E os pais estes preocupados
Em dar aos filhos a educação.
Sentimos pena pela pobreza
Que comove e nos faz refletir.
Como sofre essa gente, meu Deus,
Na eterna lida de tentar existir.
Logo, logo vão tirar o direito
Que o pobre dispõe de poder sorrir.
Por outro lado há uma positividade
Em respeito às Bolsas cortadas,
Acabam-se os anos de exclusividade
Daquelas famílias privilegiadas.
Que tiram do pobre a prioridade,
Pondo seus filhos pra estudar de graça.
Essa famílias bem situadas,
De boas condições financeiras,
Podem pagar uma mensalidade,
É irrisório, é uma besteira.
Então vamos conservar as Bolsas
Para aqueles que não podem pagar,
O pobre também tem direito ao luxo,
É o Estado mesmo quem dá.
Como é bom tá no meio dos “ricos”,
Estudando num colégio particular.
Seu fulano, Seu sicrano abastado,
Tenha vergonha na cara, sujeito!
Bota o filho pra estudar de graça
Só porque puxa o saco do prefeito.
Me desculpem novamente
Por essa minha alteração,
Mas é que eu não aguento
Ver toda essa humilhação.
E a verdade aqui se faz fato,
O que existe de puxa saco,
Daria pra encher caminhão.
Você que me lê com atenção,
Ou aquele que sequer me “escuta”,
Não acham que eu tenho razão
Em xingar esses “FDPs”?
Eu quero deixar bem claro
Que não tenho nada a ver,
Sei que o caldo vai engrossar
E muita coisa ainda vai feder,
Pois a Educação é primordial,
Aconteça o que acontecer.
Esta minha crítica é exclusiva
A quem não respeitava a demanda
Das Bolsas que eram cedidas
Pra Dona Dulce ou Zé Miranda.
Vocês, pessoas vis e egoístas,
Sabiam que não era pra vocês,
De acordo com as relações e listas
Era ao pobre que pertencia a vez.
Nem mensalidade paga, nem nada,
Não verão mais sequer o “azul”.
E agora com as Bolsas cortadas,
Vocês, cidadãos camaradas,
Vão todos tomar... sorvete.
Paulo, janeiro/1998