*TERRA MINHA, TERRA AMADA!!!

TERRA MINHA, TERRA AMADA!!!

Terra minha, hoje acordei,

Com a saudade me incitando,

Pra que escrevesse um poema

Saudoso rememorando,

Aquele meu solo amado;

Então, voltei ao passado,

Pelas asas da lembrança;

Tantas léguas viajei!

Mas, enfim desembarquei,

No solo em que fui criança.

Quanta alegria eu senti

Ao colocar nesse chão

Os meus pés, e caminhar,

Outra vez em direção,

Da casa velha alpendrada,

Com a sua alta calçada,

Seus esteios e batentes;

Suas portas e janelas;

Mas, quando relembro delas,

Batem saudades plangentes.

Seu pedregoso terreiro

A baraúna na frente,

O pé de angico copado,

O juazeiro imponente,

O chiqueiro das galinhas;

O frio nas tardezinhas,

Vindo das brisas da serra;

Recordando tais perfis

Veem-me as lembranças sutis,

Das coisas da minha terra.

Os muitos pés de facheiro,

Bem como mandacaru,

Jucá, carrasco, umburana,

E o frondoso mulungu,

Aonde muito feliz

O imponente concriz,

Gorjeava de manhã,

E a patativa golada,

Cantava bem afinada

Junto com o guriatã.

Na doce alucinação

Ali pude ver meus pais;

Trabalhando como outrora,

Na roça, nos milharais,

Pelas entranhas da brenha

Mamãe procurando lenha,

Pra cozinhar a comida,

Enquanto papai estava

No roçado, e capinava,

Cuidando da sua lida.

Outra vez vi o barreiro,

A pedrinha de amolar,

O curral grande e o cocho,

Vi a corda de laçar;

A mente não me deu trégua,

Revi o cavalo, a égua,

Também o velho jumento;

São coisas que não perecem,

E pra sempre permanecem

Vivas no meu pensamento.

Os campos onde corri

Na minha infantilidade;

Molhando os pés no orvalho

Recordo e sinto saudade;

Tirar pitombas do cacho,

Atravessar o riacho,

Quando estava com enchente;

E mesmo em reminiscência,

Jamais se apaga a essência

Que está acesa na mente.

Aquelas quatro porteiras!

Duas ficavam na estrada,

Uma na frente da casa,

Outra por trás, já surrada;

A casa dos meus avós,

Uma cerca de aveloz,

Lembro um pé de flor-de-lis;

Mamãe comigo no braço,

E eu naquele regaço

Era feliz, tão feliz.

Naquele lugar tão belo

Eu tive a felicidade,

De viver com meus irmãos

Sem conhecer vaidade;

Distante da violência

Sentindo o ar puro, a essência,

E escutando os passarinhos,

Cantarem, bem a vontade,

E em total liberdade,

Criando seus filhotinhos.

Um pouco do que lembrei

Do chão em que fui nascido,

Deixei aqui registrado

E se por alguém for lido,

Vai ver que de um bom passado

Que foi bem vivenciado,

Ninguém se esquece de nada;

E assim com muita alegria,

Eu concluo a poesia,

Terra minha, terra amada.

Carlos Aires 23/12/2014