Metade ( baseado na obra de Osvaldo Montenegro)
Que a força do medo que eu tenho;
Que a morte tudo eu acredito;
Porque metade de mim é anseio;
E a outra metade o que grito.
Que a musica que ouço ao longe;
De um novo amor que invade;
Porque metade de mim é partida;
E a outra que fica é saudade.
Que não sejam ouvidas como preces;
As palavras que sempre falo;
Porque metade de mim é o que ouço;
E a outra metade o que eu calo.
Que essa vontade de ir embora;
Não seja a ultima opção;
Porque metade de mim é maresia;
A outra metade é um vulcão;
Que o medo da solidão se afaste;
Que eu reflita onde errei;
Porque metade de mim é lembrança;
A outra metade eu não sei.
Que mais do que simples alegria;
Seja a arte que eu faço;
Porque metade de mim é abrigo;
E a outra metade cansaço.
Que a arte aponte uma resposta;
Pois tenho no peito nova paixão;
Porque metade de mim é plateia;
E a outra metade canção.
Que a minha loucura seja perdoada;
Que devo explicação a ninguém;
Porque metade de mim é amor;
E a outra metade também.
(Ivan Sousa)