*GRATIDÃO A POESIA!!!
GRATIDÃO A POESIA!!!
Poesia!
Deste-me momentos fartos e abundantes
Igual à aurora com os raios brilhantes
Que quebra o negrume de uma madrugada
Dando vida e brilho pra seguir a meta
Senti tanto orgulho de ser um poeta
Hoje o ostracismo reduziu-me a nada.
Sentindo-me um trapo... Um farrapo humano
Entregue ao ócio, sem rumo, sem plano
Qual um condenado recluso a prisão
Que amarga da culpa o cruel sentimento
E sem ter saída aguarda o momento
E à hora marcada pra execução.
Eu desenvolvia em ti qualquer tema
Tudo era motivo pra um belo poema
O céu estrelado, um jardim em flor
Hoje nada encontro que me traga encanto
Meu verso sem lume tem o sal do pranto
O amargo do fel, o suplício da dor
Exaltei a beleza existente nos campos
Na vasta campina onde os pirilampos
Piscavam nas noites negras sem luar
Defendi os rios a fauna e a flora
Se a poesia já não mais me aflora
Estou consciente que devo parar
Da verve poética se findou o prazo
Meu sol radiante chegou ao ocaso
Está na opacidade lá por trás dos montes
Vejo em minha estrada só curva sem retas
Nos meus dias longos horas inquietas
Perdi o limite dos meus horizontes
De um mundo de sonhos e belas quimeras
As áureas lembranças das felizes eras
São meros fantasmas a me atormentar
Onde eram planícies tornaram-se abismos
Vejo entre as ruínas o meu romantismo
Em meio aos escombros se espatifar
Hoje estou incluso em meio aos ranzinzas
Do humor de antes só restaram cinzas
O brilho nos olhos desapareceu
Se a diversidade me deixa confuso
Tornei-me um incomodo, sentindo-me um intruso.
Que por vezes penso que eu já nem sou eu.
Já não sinto paz entre as madrugadas
As horas felizes foram transformadas
Na cruel rotina de um langor sem graça
Apagaram-se as luzes todas do caminho
Como é tão amargo tragar esse vinho
Como é tão difícil ingerir essa taça
Mas, bem reconheço que já fui tão forte.
De seguir em frente não tive essa sorte
Pois na caminhada surgiu-me embaraço
Desse palco airoso fechou-se a cortina
A plateia vaia, quando o show termina.
E o galã da peça encara o fracasso
Segue ao camarim, triste e desolado.
Ao ver o teatro já esvaziado
Onde em tempos áureos foi farto o acesso
Nesse mesmo palco em que foi aplaudido
Já foi vencedor e agora vencido
Lembra com saudade que ali fez sucesso
Por vezes pergunto, qual foi minha falha?
Mas o tempo ingrato em nada detalha
Nem me mostra a causa desse meu langor
Qual ébrio inconstante que segue aos tropeços
Perdido na vida e pagando altos preços
Sigo sem destino, porém sem rancor.
E assim conduzindo meu fardo pesado
Vivendo o presente lembrando o passado
Estou satisfeito, pois se assim Deus quis.
Sigo passo a passo no meu dia a dia
E mesmo afogado na melancolia
Relembro um passado em que fui tão feliz.
Carlos Aires 25/07/2014