*MINÚCIAS DA MINHA TERRA!
MINÚCIAS DA MINHA TERRA!
Berço do meu nascimento
Lugar em que ganhei vida
Habitas meu pensamento
Oh! Minha terra querida!
Estão em minhas entranhas
Vales, colinas, montanhas,
Montes, cachoeiras, rios,
Grotas, riachos, regatos,
As caatingas, os matos,
Várzeas, planícies, baixios.
Mesmo vivendo distante
Não lhe olvidarei jamais
Nesse solo causticante
Estão minhas digitais
Dessas paisagens belas
Irei pintar várias telas
Com cadência e harmonia
Usando um pincel de rimas
Pra construir obras primas
Em quadros de poesia.
Nesses campos maviosos
Vivi há anos atrás
Lembro os gorjeios saudosos
Dos sonoros sabiás
Das tardes tão radiantes
Com os ventos sussurrantes
Deixando os crepúsculos frios
Em suaves acalantos
Trazendo ternos encantos
Pras belas noites de estios.
As baraúnas copadas
Os juazeiros gigantes
Quixabeiras enramadas
Jucás impressionantes
Pés de angico, de aroeira,
Marmeleiro, catingueira,
Feijão de boi, mulungu,
Ao meio dia a boiada
Na sombra farta e arejada
Embaixo dos pés de umbu.
As apanhas de algodão
O trabalho no roçado
As tiradas de ração
Não esqueço esse passado
Ordenha, corte de palma,
Guardo no fundo da alma
E por vezes penso assim
E tenho a nítida impressão
De que saí do sertão
E ele não saiu de mim.
Aqui vivi com primor
A infância e adolescência
Tive nos campos do amor
A primeira experiência
Desse sentimento puro
Eu jovem tão imaturo
Entreguei meu coração
A uma bela morena
De uma candura amena
Também filha desse chão.
A velha casa onde outrora
Por mim já foi habitada,
Não existe mais, e agora,
Dela não resta mais nada
Recordo os dias vividos
Os momentos divertidos
Os sonhos, os ideais,
Os devaneios, quimeras,
O viver em outras eras
Nela junto com meus pais.
A distância nos aparta
Mas a saudade imprudente
Continua ampla e farta
Roendo o peito da gente
E o sentimento teimoso
Mesmo que seja moroso
No coração se emperra
Mas, propiciou o tema,
Pra que surgisse o poema
Minúcias da minha terra!
Carlos Aires 19/06/2014