*EU, DIANTE DO ESPELHO!!!
EU, DIANTE DO ESPELHO!!!
Espelho bondoso...
Sincero e amigo:
Bem sabe o que o tempo
Tem feito comigo.
A mais de seis décadas
Em frente prossigo
E tu sempre alerta
Só vive a mostrar.
As metamorfoses,
Ricas de detalhes
Com a fase que avança
Está sempre atento
A cada mudança
E quando acontece
Põe-se a me avisar.
Desde o mais remoto
E saudoso idílio,
De tenra criança,
Que me dava auxilio,
Naquela esperança,
Que os anos passassem
Pra surtir o efeito.
De olhar-me,
Sorrindo feliz
Com meu belo porte,
Um jovem vaidoso
Vigoroso e forte,
Afinal de contas,
Ser um homem feito.
Pra que, em ti, me visse
No grau e nos trinques
Com tudo no eixo
Novo e vigoroso
De barbas no queixo
Com voz firme e grave
E pelos no peito.
E tudo,
De bom que pensava
Logo aconteceu.
Aquele menino
Depressa cresceu
Pra viver seus sonhos
E seus devaneios.
Logo percebeu
No fluir da vida
Do que era capaz
Seguindo o caminho
Qual todo rapaz
Alegre e vaidoso
Sem ter aperreios.
Casou-se,
E com muita coragem
Partiu para a luta
Na lida diária a dura labuta
Enfrentou com garra
Viu luzir os brilhos
Ao lado
Da mulher guerreira,
A sua consorte,
Com quem noite e dia
Lutou firme e forte
Dando o maior “duro”
Pra criar os filhos.
E hoje,
Já está chegando,
Ao final das trilhas
Olhando no rosto
Só ver as carquilhas
Os cabelos brancos
E muitas verrugas.
O tempo,
Sem ter piedade
Cortou os seus planos
Vai noite e vem dia
No acúmulo dos anos
A gente envelhece
Sem chance pra fugas
Agora
Ao ver o perfil
Em ti, oh! Espelho
Eu nada mais vejo
Daquele fedelho
Nem do rapazola
Fogoso de outrora.
A força já foi reduzida,
Sem ter vaidade,
Vejo do crepúsculo
A opacidade
E não mais o brilho
Do luzir d’aurora.
Carlos Aires
18/11/2013