*O FILHO BONDOSO E O FILHO INGRATO!!!

O FILHO BONDOSO E O FILHO INGRATO!!!

Mãe dizia! Toda glória

Requer muito sacrifício

Pra que se alcance a vitória!

Tem os ossos do oficio

Que são duros de roer.

E já deu pra perceber

Que mãe com sua riqueza

De alma e sabedoria.

Cuja boca só se abria

Quando ela tinha certeza.

É éé!

Mas tem gente interesseira

Que não pensa bem assim

E age a sua maneira

Praticando o que é ruim

A fim de tirar proveito

Sem se importar com o efeito

Dos danos que é causador

Mesmo que deixe resquício.

Desde que o beneficio

Seja sempre ao seu favor.

Seu Joca e dona Chiquinha

Um exemplo entre os casais

Lá na Fazenda Andorinha

Eram felizes demais

Sem magoas nem dissabores

Nesse viver só de amores

Cheios de encantos e brilhos

E para enfeitar o lar

Deus achou por bem mandar

Para o casal só dois filhos.

Folheando o evangelho

Dois nomes ganharam aprovo

Samuel era o mais velho

Serafim era o mais novo

Um mais baixo outro mais alto

E um tema q’eu ressalto

Um bem alvo outro moreno

Um, do mel tinha o sabor

O outro, todo amargor

De uma taça de veneno.

Samuel, bem sossegado

Serafim muito odioso

Samuel tão recatado

Serafim ambicioso

Um, a imagem do bem

Enquanto o outro contém

Toda praga e maldição

Pra agir com crueldade.

Carrega muita maldade

Dentro do seu coração.

Criaram-se lado a lado

Seguindo o mesmo caminho

Um por flores foi cercado

O outro em cada espinho

Foi que encontrou o fascínio

Só pensava em extermínio

Com seu instinto cruel

E pra que bem assimiles

Era o calcanhar de Aquiles

Do seu irmão Samuel.

E assim foram crescendo

Cada um do jeito seu

Logo estavam percebendo

Que o casal envelheceu

Samuel que tinha o dom

De um espírito nobre e bom

Dali não saiu jamais

Da sua terra querida

E dedicou sua vida

Para cuidar dos seus pais.

Serafim por sua vez

Disse assim: aqui não fico

E falou sem polidez

O que quero é ficar rico!

Se expressando em tom jocoso

Diz: meu tempo é precioso

Quero viver na mamata

Tranquilo e bem sossegado.

Não vou ficar empalhado

Cuidando dessa “sucata”.

E Samuel retrucou!

Não diga isso meu mano

Serafim lhe revidou

Não irei mudar meu plano

Se é isso que está querendo.

E também não compreendo

Esse seu jeito de ser

Nem suas opiniões.

Não vê que esses anciões

Estão no tempo de morrer?

Então não conte comigo

Pra fazer essa aliança

Quero é vê-los num jazigo

E passar a mão na herança

E desde já bem entenda

Irei vender a fazenda

Essa é minha opinião

Boto o dinheiro no bolso

Saio desse calabouço

Sem lhe dar nem um tostão.

Samuel disse ao irmão!

Não vou lhe pedir mais nada

Em lugar de um coração

Tens uma pedra alojada

Aí dentro do teu peito

Eu só exijo respeito

Com pai e com mãe querida

Não seja assim tão ingrato

Pois foram eles de fato

Que lhe deram a luz da vida.

Serafim disse, eu nem ligo

Pra esse monte de bobagem

Bota os velhos num abrigo

Livra-te dessa bagagem

Mãe já tá velha e doente

Pai, caducando e demente

Já deram todo serviço

Portanto mano, lhe conto.

Eu mesmo não estou pronto

Pra perder tempo com isso.

Sem que houvesse contrição

Saiu sem se despedir

Deixou os pais, o irmão

Foi o seu rumo seguir.

Samuel ficou sozinho

Dedicou todo carinho

Com bravura e sendo forte

E alguns meses depois

Deus mandou buscar os dois

Pela mensageira morte.

Samuel entristeceu

Ficou quase sem ação

Logo depois resolveu

Mandar chamar o irmão

Que veio de imediato

Para constatar o fato

E após o fim da contenda

Disse ao mano cobiçoso

Sem ser em tom rancoroso

É toda sua a fazenda.

Eu daqui não quero nada

Nem volto aqui nunca mais

Quero manter bem guardada

A memória dos meus pais

Nem vou lhe fazer afronta

E Serafim tomou conta

Da terra o gado e das crias

E esse enorme conteúdo

Depressa deu fim a tudo

Em menos de trinta dias.

Gastou todo esse dinheiro

Só com farra e bebedeira

Empobreceu bem ligeiro

Ficou sem eira nem beira

Afinal esse elemento

Conheceu o sofrimento

E foi procurar o irmão

Cabisbaixo e humilhado.

Que relevou seu passado

Deu-lhe abrigo e deu perdão.

Carlos Aires

14/09/2013