AS MATUTAGENS DE CARLOS SILVA
Já soprou meia noite no sertão, um piado de coruja vigilante, com seu jeito, modo e gesto confiante, na escuridão dum dia proveitoso, e assim por ter seu jeito manhoso, desfilavam o seu voo rumo ao Léo, ou quem sabe pras bandas do beleléu, carregando na plumagem um aviso, de dizer que se fosse mais preciso, gritaria forte até chegar ao céu.
Era assim noite de breu dependurada, numa cauda da sinistra solidão, e o vento que soprava pensamentos, desnudava um apito de canção, e por entre os filetes do negrume recaia uma brisa orvalhada, a visão que se tinha bem quase nada, recontava a historia no momento, e assim sendo terra ou firmamento, era noite no correr daquela estrada.
Eu Vi João Bá, Dércio Marques e Vidal França, cantigando nesta noite sertaneja, o tilintar das violas que gotejam, similares acordes em poemas, era como se fossem dez Iracemas, recontando a historia harmoniosa, eu ouvindo as vozes melodiosas, cá ficava entretido na promessa, que o dom dessa vida é não ter pressa, a visão foi pra mim tão graciosa.
Meu Bethoven para mim é Vidal França, é Gereba afinando o violão, é Bule bule no batuque afinado, é a concertina do nosso rei do baião, é Teixeirinha dando versos tão dobrados, e Dominguinhos com seus passos acertados, dividindo com Sivuca seus traçados, e convidando Osvaldinho nesse torrão, são as cordas mais bonitas que amarram as maravilhas deste tão belo sertão.
Já tirei o meu diploma de matuto, recontando a história verdadeira, na mesma noite dessas linhas a primeira, que escrevi rebuscando inspiração, sou do ato ou da terra meu patrão, dizedor de veros tortos em beleza, sou da paz essa luz de chama acesa, que clareia meu viver numa jornada, sou a curva mais reta desta estrada, sou sertanejo Brasileiro com certeza