*O POETA E O PASSARINHO PRISIONEIRO!!!
O POETA E O PASSARINHO PRISIONEIRO!!!
Passarinho o que fizeste
Para está nessa aflição?
Amargando a triste sina
Nas grades de uma prisão
Eu noto que teus gorjeios
São de dores e de anseios
De langor e de saudade
Talvez por viver sozinho
Sentindo falta do ninho
Bem como da liberdade.
Há poeta, na verdade.
O meu sofrer é profundo
Vivo aqui trancafiado
Nesse cubículo imundo
A minha voz se comprime.
Sem ter praticado crime
Vivo nessa escravidão.
Réu sem direito a defesa
Tão distante da devesa
Amargando a solidão.
Mas meu passarinho, então
Se nada de mal fizeste
Não mataste, não roubaste
Sendo inocente inconteste
Quem te prendeu com certeza
Sabe que és da natureza!
Então porque te detém,
Sem motivo e nem razão?
Será que não ver que não
É pertencente ninguém?
É meu poeta, eu também
Já não consigo entender
Porque sofro esse castigo
Sem mau nenhum cometer.
Ora vivo lamentando
Tão tristonho, só lembrando
A esplendorosa alvorada
Quando eu cantava contente
Saudando o sol reluzente
No final da madrugada.
Caístes numa cilada,
Foi meu pobre passarinho?
Dessas que o homem maldoso
Colocou em teu caminho?
Ele com um ar pesaroso
Num pio longo e choroso
Disse assim, infelizmente,
Fui vítima da traição
De um ser sem coração.
Ou se tiver nada sente.
Tenho um viver diferente
Daquela vida de outrora
Q’eu sobrevoava a mata
Olhando o verde da flora
Por sobre montes, colinas
Lagos, baixadas, campinas
Bebendo água no rio
E agora aprisionado
Sofrendo aqui confinado
Nesse calabouço frio.
Eu senti um calafrio
Com a penosa narração
E disse, irei encontrar
Passarinho, a solução.
Pra por fim nesse abandono
E ao que se diz “Teu dono”
Que afinal eu nem conheço
Pagarei qualquer quantia
Pra devolver-te a alegria
Sem sequer discutir preço.
Não é esse o endereço
Pra quem nasceu seresteiro
Um compositor da mata
Estando prisioneiro
Não terá contentamento.
Procurei o “Elemento”
Paguei e cumpri a meta
Como prometi no ato.
E assim termino o relato
Do passarinho e o poeta!
Carlos Aires
04/09/2113