O RANCHINHO ONDE EU NASCI

Este era o ranchinho

O lugar onde eu nasci

Voltei lá pra vê-lo

E dele nada eu vi

O tempo o desmoronou

Nada dele restou

Muito me entristeci

Quanto tempo passou

Sem que pudesse rever

Aquela doce miragem

Num belo amanhecer

E tudo que eu queria

Se tornou em nostalgia

Foi grande meu padecer

Tudo se desmoronou

Nem a tapera encontrei

Meu coração quase pára

Muitas lágrimas derramei

Parei ali sem conforto

O pranto banhando o rosto

Em soluços me afoguei

Olhei para todo lado

Meu corpo todo tremia

Quase perdi a fala

Numa tremenda agonia

Nem um pé de cajueiro

Nem um pé de umbuzeiro

Nada ali mais existia

Tudo, tudo se acabou.

Do passado de outra hora

Os parentes e amigos

Todos dali foram embora

O lago verde secou

Os jaçanã se mudou

Como é triste vê-lo agora

Nem o velho acauã

Que ali sempre cantava

A coruja mãe da lua

Que ao anoitecer piava

O grito da seriema

E o gemer da ema

Que a gente sempre escutava

Nem mesmo as borboletas

Chupando água do chão

Nem o gritar dos mocós

Nas garras do corujão

Tudo ali hoje é cidade

A mim só resta a saudade

Do meu querido torrão

Meu rosto já enxugado

Os cabelos embranquecidos

Nas mãos eu sinto tremor

Dos teus dias já vencidos

Mas agradeço ao senhor

Que de um casal sonhador

Um dia ali fui nascido

Adeus Poço dos Lopes

Fazenda do meu padrinho

Eu te amo terra santa

Pois eras tu o meu ninho

Com que meus pais sonhavam

Quando de ti se lembravam

Chorando triste baixinho

Quando dali partimos

Criou-se o véu da saudade

Que nos segue dia e noite

E ao chegar da nessa idade

Lembro os anos passando

E nos aqui buscando

A nossa felicidade

Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 12/04/2007
Reeditado em 15/04/2007
Código do texto: T446662
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