FILIZ DIA DO TRABA-I-A-DOR
É no desbenguelar da serra
Que tem minha Guarida
Uma terra pequeninha
Mai muito querida.
É Cachoeira do sapo
Pur donde vivi a vida
Na amanhecença do dia
Pra bataia o povo vai filiz
Num importa Cuma
Se Esquece as cicatriz
Na escurença da noite
Do dia fumo aprendiz
O trabaio nessa terra
Sempre foi cum alegria
Num importava a labuta
Pela noite ou mermo o dia
Mueres e homis da terra
Da tarefa num curria
O prugresso vem do trabaio
Eita povo trabaiador
O suor molha o rosto
Com humildade e amor
Trabaiar é nosso oficio
Sob as benças do criador
Aqui todo mundo bataia
Do jeito que a vida dar
Nem vou dizer quem são
Deixarei eles se apresentar
Um bucado danado
Farta dedo pra contar
O meu nome é Francisco
Mai um chico im ação
O machado minha ferramenta
Cortar lenha a missão
Assim ganho a vida
Na passage do verão
Os calos que machucam
Num atrapaia minhas mãos
Corto lenha e arrumo
As vezes faço cavão
O sol já é um amigo
O fogo um bom irmão
O meu nome é José
Mas carpintero não sou
Na verdade cutivo a terra
Sou apenas agricultô
A enxada a companheira
Parceira desse trabaiador
Pranto de tudo um pouco
se apreparando pru verão
Pranto milho, jerimum
Fava, maxixe, feijão
Quiabo, pepino, melancia.
Tombém pranto o melão
O meu nome é Juão
má querença do facheiro
Meu labutar é diferente
Já nasci um vaqueiro
Cada brenha dessa terra
Eu conheço pu inteiro
Nas madrugadas frias
As vacas vou ordenhar
Cumeça o meu dia
No curral a bataiar
O cavalo fiel parceiro
pru gado eu aboiar
Maria de dona Tonha
Assim que mim cunhecem
Sou custureira desde nanica
E isso num me aburrecem
Custuro cum mui prazer
Poi os crientes merecem
Faço vistido de chita
Ou rôpa de batizado
Agulha e linha parceiras
Tombem faço bordado
Já fiz vestido de noiva
E roupa pru delegado
Meu nome é sivirina
Meu oficio é cozinhar
As panelas minhas amigas
O fogo num pode apagar
Na amanhecença do dia
O café vou preparar
Cozinho com amor
Mior tempero que há
Faço um baião de dois
Que todos vão gostar
e a minha feijoada
ocê come pra se acabar
Meu nome é pedro
E faz jús a prufissão
Pedro vem de pedra
Trabaio na construção
Sou um simples pedeiro
Trabaiando cum dedicação
Num terreno baldio
Uma casa eu levanto
Tijolo por tijolo
Ainda reboco os cantos
Tombem faço reforma
E termino com encanto
Meu nome é jusefina
Neta de uma parteira
Meu trabaio é no cuidar
Se tornei uma infermera
Quem dera tivesse o dom
De ser uma curandeira
Aos duentes me dedico
Pra ver sua arecuperação
Limpo e troco curativos
Tombem aplico injeção
Faço o medicamento
E virifico a pressão
O meu nome é Antonho
Comerciante do lugar
Compro, vendo e troco
Pru negocio é só chamar
Se der certo pra nós
Pudemos negociar
Vendo de garajal de rapadura
Á travessa de portar
Compro do mermo jeito
Assim se tenha a ofertar
Troco cabra em uveia
O dinhero faço andar
Essa e a nossa terra
E nosso povo trabaiador
Aos oios de são josé
Padoeiro e prutetor
festejemos todos juntos
O dia do trabaiador
Entre tantas marias
Juzé, Antonhos e juãos
A todos os trabaiadores
Seja qual for a prufissão
do minino ao veio
Fica a nossa gratidão
Homis e mueres de paz
O ano intero a bataiar
Desde o raiá do sol
Inté a luz do luar
Parabéns pelo lindo dia
Merecemo, ramo cumemorar.