SÚBITA PARTIDA

A tarde é sublime e bela

Lá está ele a espera dela

Muita goma na lapela

Com uma flor amarela

Sobe os degraus da capela

Ansioso ele olha a rua

E por mais que se construa

A fé e a esperança crua

Mais há uma verdade nua

Nem que a espera o destrua

Continua a esperar

Más ela não vai chegar

Testemunhas no altar

A platéia a murmurar

E a mãe começa a chorar

A esperança se esvaindo

Tenta disfarçar sorrindo

A angústia que está sentindo

Coração quase explodindo

Planos que agora são findos

A noiva não vai chegar

Burburinhos murmurantes

Dos convidados falantes

E que falam sem pensar

Ela o deixou no altar

Alguém surge neste instante

Cavalgando galopante

Traz a noticia e ofegante

Fala dela soluçante

Enfartada fulminante

O pobre não acredita

E sem norte o moço fica

Que brincadeira maldita

A multidão se agita

Desesperado ele grita

De noiva morreu vestida

Numa súbita partida

Foi amada e foi querida

Levou um golpe da vida

E a emoção é incontida

Que vida mal explicada

E ninguém sabe de nada

Partimos na hora inserta

Na hora certa e marcada

A hora certa e errada

Se a hora certa é marcada

Porque não foi avisada

Tantas vidas confundidas

Maldizentes murmuradas

Não estava preparada.

(Idal Coutinho)

IDAL COUTINHO
Enviado por IDAL COUTINHO em 26/04/2013
Reeditado em 26/04/2013
Código do texto: T4260410
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