*UM SABIÁ PRISIONEIRO!!!

UM SABIÁ PRISIONEIRO!!!

Tomei ciência de um fato

E vou fazer o relato

No decorrer da canção

Da historia de uma ave

Que encontrou um entrave

Num ato de traição

Trata-se de um sabiá

Que num pé de jatobá

Tinha a sua moradia

Mas o homem traiçoeiro

Fez dele um prisioneiro

Num ato de covardia.

Esse pobre passarinho

Era feliz em seu ninho

E na sua vida modesta

A toda hora cantava

Com prazer sobrevoava

Sobre as arvores da floresta

Sem jamais sair da linha

Tão prazeroso ia e vinha

Gozando da liberdade

E assim nosso sabiá

Ia pra lá e pra cá

Na maior felicidade.

Lá no velho cajueiro

Quem hoje é prisioneiro

Vinha procurar comida

Depois voava pra fonte

Que fica por trás do monte

Onde encontrava a bebida

Dali saía contente

A procura de semente

Pra levar pra sua amada

Que esperava com carinho

Cuidando do filhotinho

Com quem vivia ocupada.

E assim nosso cantador

Cuidava do seu amor

E do seu filho estimado

Quando não ia ou voltava

Num galho fino pousava

Pra trinar seu gorjeado

Pousado nesse garrancho

Ele ficava tão ancho

E com muita maestria

Com a sua voz suave

Em notas aguda ou grave

Cantava uma melodia

Solfejava com encanto

Que quem ouvia seu canto

Ficava a admirar

E por ser belo demais

Mesmo os outros animais

Queriam ouvi-lo a cantar

E durante aquela rota

Jamais errava uma nota

Sequer no seu gorjeado

Pois o nosso seresteiro

Tornou-se um mensageiro

Ao declamar seu trinado.

Porém a ganância humana

Chega de forma tirana

Causando devastação

Visa o lucro financeiro.

E o que só pensa em dinheiro

Faz-se escravo da ambição

Ao longo da sua trilha

Vai colocando armadilha

Esse terrível caipora

Por ter a alma vazia

Destrói em seu dia a dia

Nossa fauna e nossa flora.

Pois o sabiá cantor

Foi vitima de um traidor

Pra sua infelicidade

Não valeu sua esperteza

E foi pego de surpresa

Pelos laços da maldade

Por ser inocente e puro

Achava-se bem seguro

Naquele meio-ambiente

Pensando que estava ileso

Foi assim que ficou preso

Atroz e covardemente.

Aquele pássaro galante

A partir daquele instante

Não teve mais alegria

Ficou fraco e indisposto

Sofrendo o maior desgosto

Dentro daquela enxovia

Vivendo tais sofrimentos

Lembrava belos momentos

Do seu passado feliz

Chateado e desgostoso

Nesse cárcere rigoroso

Indaga o que foi que eu fiz!

Passou dias, meses, anos.

Porém os seus desenganos

A cada hora aumentava

Num ambiente sombrio

Sem conseguir dá um pio

Pouco a pouco definhava

Sozinho, sem companhia

No fim de uma noite fria

Quando o dia amanheceu

Entre tantos dissabores

Sem suportar mais as dores

Abriu o bico e morreu.

O passarinho citado

Teve o fim antecipado

Por conta de um ser vilão

Com seu impensado ato

Impôs um brutal maltrato

Colocando na prisão

Aquela ave inocente

Que vivia tão contente

Habitando os matagais

E hoje não mais existe.

Peço a Deus que a cena triste

Não se repita jamais.

Carlos Aires 18/02/2013