Mal entendido.

Maria de Zé Firmino

Moça lá do interior

Não conhecia namoro

Não degustava o amor

Era simples e discreta

Mas era a beleza da flor

Aos domingos ia à igreja

Fazer suas adorações

E ouvir da boca do padre

Os conselhos e sermões

Sentada no banco da frente

Fazia suas anotações

Certo dia em uma novena

Conheceu Zé da Estrada

Moço simples e honesto

Mas de lábia afiada

E queria ter a moça

Como sua namorada

Depois de muita conversa

Um tempo só no mormaço

Ela esperta como preá

Não sedia nem um abraço

Mas um dia não teve jeito

E a moça caiu no laço

Namoro discreto e sério

Que só pegava na mão

Os dois eram felizes

Com a força do coração

Os olhos se entrelaçaram

Sem nenhuma explicação

Um bom tempo se passou

Tendo os dois bons momentos

Todo mundo já sabia

Daquele relacionamento

Foi quando Zé resolveu

Pedir Maria em casamento

Maria contou pra mãe

Com um sorriso verdadeiro

Começaram os preparativos

Daquele dia festeiro

E mataram o maior galo

Que cantava no terreiro

Zé um homem da roça

Fundou o pé na estrada

Nunca usou uma cueca

Só tinha uma calça rasgada

Chegou à casa da moça

Sentou sem perceber nada

Num tamborete de couro

Com um buraco no centro

Zé ficou todo alegre

Aproveitando o momento

Foi quando os testículos desceram

Num grande deslizamento

Rosa mãe de Maria

Que ali preparava o rango

Viu aquilo pendurado

Parecendo dois morangos

Olha onde Maria esqueceu

Toda a fatagem do frango

Pegou um garfo de ponta

Foi na pedra de amolar

Depois se disfarçou

E sem medo de errar

Espetou os cocos de Zé

Que viu lágrimas derramar

Zé saiu na carreira

Quebrando pote e panela

Não acertou com a porta

Pulou pela janela

E nunca mais retornou

Para contemplar sua Bela...

Ivan Sousa

Ivan Sousa
Enviado por Ivan Sousa em 01/02/2013
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