TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO, UM OÁSIS OU UMA QUIMERA?

A seca do sertão é um antigo problema
Daqueles que perduram por séculos
Já foi destaque e virou tema de cinema
Mas sempre teve seus obstáculos.

A primeira ideia veio de tempos coloniais
Assim queria a solução Dom Pedro Segundo
Falando para todos e escrevendo em jornais
Como imperador mandou em todo mundo.

Mas sua ideia caiu em desuso imperial
Por falta de recursos da engenharia, consenso
E ainda por interesse tinhoso de apelo social
Deixando o nordestino sozinho e propenso.

Estes interesses deixaram o nordeste só
E por muitos anos arrastou-se o irreal
Ninguém sem a solução e virou um nó
Chegar água no nordeste setentrional.

Passou por Getúlio que pensou e nada fez.
Chegando a João Figueiredo e Andreazza
Que também discutiram, mas não foi dessa vez.
Deixando o sonho de o nordestino ganhar asa.

A ideia inicial parecia um sonho indiscreto
Aguçava a vontade de autoridades do povo
E até discutiam em público e faziam decreto
Mas nada era resolvido e o rio ficava ruidoso.

Veio Itamar e discursou com promessas
Se dizendo comovido com povo da região
Criou um Ministério para falar as massas
E enfim projetar e fazer a esperada execução.

Isto nunca aconteceu e a seca foi medonha
Muitos deixaram para trás suas terras e famílias
Queriam trabalhar, mas a fome fazia vergonha.
Rumavam a São Paulo, Rio e a nubente Brasília.

Em mais uma obstinação veio Fernando Henrique
Assinou compromisso, falou e criou até comitê.
Fez assombro e incluiu até o Rio Tocantins no pique
Seu bafafá foi tão grande que até fulorô ipê.

Nada do que foi dito foi feito por culpa dos Prefeitos
Que a mando dos coronéis dividem toda riqueza
Escondendo em palácios e em possíveis decretos
Que ninguém viu e nunca sem tem certeza.

Os olhos do nordestino se encheram de sonhos
E o peito cansado se encheu de esperança
Tinha elegido um líder brotado do sertão medonho
Tudo seria resolvido por questão de vingança.

Um trabalhador surgido da cédula do burgo
Querendo uma nova história para o Brasil difuso
Que em sua transformação nunca observou
A classe pobre que sustenta o país confuso
E faz deste gigante uma nação de apego.

Hoje depois de tanto tempo e discussão
Nada ainda foi feito com maestria
Parece que o povo do meu sofrido sertão
Não vale o que come, que planta e cria.

A transposição que nunca vira um oásis
Parece ser apenas uma pura e simples ilusão
Foge da certeza como a mentira foge da razão
Deixando e afastando o nordestino dos brasís
Que existe em outros cantos e outra região.

Aqui com este simples cordel solidarizo-me
Com todos os nordestinos que desde menino
Sofre com a seca e os fantasmas da fome
Que retalha sonhos mata e expulsa de seus chãos
Mais nunca finda com o torrão do meu sertão.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 02/01/2013
Reeditado em 17/04/2015
Código do texto: T4064210
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