O SORRISO

NESTA DATA MARCANTE 12/12/12

01

Já falei sobre suplicio

Como historia de briga

A paz e também intriga

Loucura e até hospício

Me agarrei no fictício

Quando vi que foi preciso

Fiz o céu e o paraíso

No meu cordel ser lembrado

Mais nunca fiz um rimado

Valorizando o sorriso

02

Um bêbado fedido e liso

Com olhar desfigurado

De olhos avermelhado

Num mundo todo indeciso

Escorregando no piso

No seco sem ta molhado

Por final todo mijado!

Sem a força de um grito

Mas num sorriso eu repito

Termina sendo engraçado

03

Estado do aleijado

Numa cadeira de rodas

Sem acompanhar as modas

Por mãos de outro levado

Mendigando algum trocado

A todo mundo que ver

Leva um não sem receber

De quem podia ajudar

Só faz rir pra se vingar

Sendo belo sem querer

04

Analfabeto escrever

Seu nome feito garrancho

Sua casa mesmo um rancho

Só vão lhe reconhecer

Se um titulo vier ter

E no ano de eleição

Pretinho como carvão

Seus dentes, único branco!

Sorrindo eu serei franco

Que esbanje perfeição

05

Quem perdeu a dentição

Ganha nome de banguelo

Fica um só dente amarelo

Na frente de prontidão

Sendo furado ou não

A carie lutando em prol

Em cada olho um terçol

Lhe herdando esse castigo

Mas se sorrir eu te digo

Dá complemento ao rol

06

Vovó que suja o lençol

No quarto dorme sozinha

Acorda dimanhãzinha

Comendo no urinol

No belo nascer do sol

Dá aquela gargalhada

De cara toda melada

Não quero fazer desfeita

Mas a risada é perfeita

De quem não sabe mais nada

07

Sorriso da piãozada

Ou quem sabe um bóia fria

O carvão é a companhia

Tomam conta da fachada

De axila empastada

A virilha também fica

A quem olha e lhe critica

Sem dar honra ao braçal

Tem sorriso natural

E isso lhe bonifica

08

Sorriso da mulher rica

Pra demonstrar a riqueza

Não olha nem pra pobreza

Sua malicia se estica

E o preconceito se aplica

Se sentido importante

No ego é arrogante

Na simplicidade é zero

Mas sorrindo também quero

Dizer que fica elegante

09

O sorriso do feirante

Numa feira com colegas

Em feira livre e bodegas

É uma festa marcante

Lá só tem comerciante

Uns comprando outros vendendo

Uns ganhando outros perdendo

A tradição tem valor

Com dentes quase sem cor

Mas no sorriso eu me prendo

10

O canceroso roendo

Lamentando sua sina

Os pulmões com nicotina

Nada mais ta ofendendo

Nem mais nada ta comendo

Com o câncer definhando

Choroso vai relembrando

Quantas risadas num deu

Inda rir do que viveu

Um lindo ato restando

11

Todo riso vou cruzando

Do simples ao mais fluente

Como o do presidente

Ou presidenta falando

O Brasil todo esperando

Quem nos faça qualquer bem

Faça sem olhar a quem

Sem alimentar cinismo

Mas só nos leva ao abismo

Pois transparência não tem

12

O motorista também

Matuto da minha terra

Desce de cima da serra

Todo sábado vai e vem

Nunca botou se quer cem

Pois o braço fica fora

Estirando a toda hora

Dando tchau a todo mundo

Num sorriso tão profundo

Chega à alma comemora

13

Se sorriu quem foi embora

Deixou ao conjugue tristeza

Se iludiu na beleza

Que o mundo expõe lá fora

Mas quem riu um dia chora

Lembrando do mau talvez

E quem chorou vem a vez

De sorrir em toda praça

Quando ele volta sem graça

Com vergonha do que fez

14

O sorriso de um mês

Do lindo recém-nascido

“Se eu já sorria escondido

Vim sorrir para vocês”

Encontra a insensatez

Duma mãe desnaturada

Deixando a beira da estrada

Um anjo todo inocente

De riso resplandecente

Pureza em toda risada

15

Sorriso da meninada

Que espera papai Noel

Em dezembro é um tropel

De fantasia enfaixada

A pobre e abandonada

Não sabe o que é presente

Mas no sorriso se sente

Que sonha com igualdade

Mais num vem um na verdade

Alegrar esse indigente

16

Sorriso do mata gente

Pistoleiro de rotina

Infeliz alma assassina

Matar traiçoeiramente

Seu riso é a fervente

Do podre homem por dentro

Brotando o mau do centro

Não conhece a lealdade

Triste riso de impiedade

Triste assunto que eu entro

17

Entrando de mata adentro

Vejo um índio a sorrir

Sem caça pra consumir

De mistura só coentro

No descaso eu me concentro

Pra lembrar sua historia

Expulso na palmatória

Ou morto a sangue frio

Sem mata, sem caça e rio

Um dia será memória

18

O homem canta a vitoria

Sorrindo em toda parte

Com rigor em toda arte

Dorme em cima da vanglória

Da risada aleatória

Nesse riso se desfaça

Um mestre fino em desgraça

Destruindo a natureza

Quando rir expõe frieza

Na covardia ultrapassa

19

Sorriso cheio de graça

É o do palhaço de nome

Debaixo da tinta some

Sai sorrindo em toda praça

Inimigo de arruaça

Apregoando harmonia

Sorrindo de noite e dia

Maior riso é o do palhaço!

Pinta o rosto em todo espaço

Esticando a alegria

20

Riso da mulher vadia

Fazendo programa atôa

Seja ela magra ou boa

Se com prazer se arrepia

Sua vida se avalia

Vendedora de prazer

Doando seu próprio ser

Na alegria disfarçada

Nem ama nem é amada

Mais seu sorriso se ver

21

Um sorriso a se perder

É o do menino de rua

A triste risada sua

Expressa um real viver

Uma pagina de sofrer

Todo dia é registrada

No conforto da calçada

Empoeirada e cuspida

Chora a noite mal dormida

De companhia a risada

22

Vou rindo na minha estrada

Algumas vezes chorando

Outras vezes admirando

O que rir por tudo ou nada

O que não rir na chegada

Devia rir ao sair

E o que não sabe sorrir

Devia se avaliar

E saber interpretar

O que o riso faz sentir

23

Faça o riso evoluir

Dando um a todo instante

Serás um contagiante

E feliz em prosseguir

Tu só irás contribuir

Para o seu bem estar

E pode até encontrar

Uma pessoa tristonha

Que dorme ensopando a fronha

Procurando a quem saudar

24

Um riso pode mostrar

Um lado que não existe

Quem esconde o lado triste

Aguardando melhorar

Faça seu riso brotar

No lugar onde trabalha

Vai sair feito navalha

Extirpando as amarguras

Agindo nas criaturas

Tirando alguém da fornalha

25

De um riso de migalha

Mesmo sem ter um motivo

Vai chegar lá no altivo

Despedaçando muralha

Pois onde o mau se encalha

Usurpa toda esperança

Onde precisa mudança

Falta o ponto de partida

Poderá ser a saída

E espalha temperança

26

A maior insegurança

É um medico carrancudo

Parece nem ter estudo

Consultar velho e criança

Se tivesse um rei na Pansa

Seria mais que agente

Se fosse assim diferente

Dispersava comentário

Mais o rei é o salário

Que engoda essa gente

27

Se sorrisse ao paciente

Já seria um bom remédio

Podia arrancar o tédio

Transformar o ambiente

Dois risos dados na frente

Uma consulta saudável

O medico seria amável

O doente recebia

Conforto e confiaria

Se ele fosse agradável

28

O sorriso é destacável

Só apenas se observa

Mas no intimo se conserva

E passa a ser desejável

Tem um valor insondável

Precede amor e carinho

Acompanhado de um vinho

Venha de onde vier

Seja do homem ou mulher

Acompanhado ou sozinho

29

O riso do canarinho

O riso do beija-flor

De um azulão cantador

Do mais simples passarinho

Na beirinha do caminho

Ou mesmo na mata bruta

Na nascente de uma gruta

Seu sorriso é seu cantar

Se ninguém lhe escutar

A natureza desfruta

30

Quando lhe falta uma fruta

Inda canta mais bonito

O homem escuta seu grito

No exercer da labuta

Se algum deles recruta

Numa gaiola lhe prende

O seu cantar se estende

Que é o seu maior tesouro

Repetindo o lindo couro

Quando um sorriso desprende

31

Lindo sorriso se ascende

Ao meu lado todo dia

Esse sim me contagia

Há muitos anos me prende

Quando nosso olhar se fende

Do nada fico trombudo

Ela vem trazendo tudo

Estampado num sorriso

Não é céu nem paraíso

Nem é sutil nem agudo

32

Nesse seu riso me grudo

Do meu olhar me sacio

Com ódio ou me dando estio

Eu sofro, mas não desgrudo,

Sua braveza eu estudo

A raiva nunca demora

Tudo é da boca pra fora

É assim minha costela

Quando volta vem mais bala

Mais risonha quanto outrora.

33

Uma cobra é a senhora

A donzela que adotei

A mudança que causei

Inda hoje se comemora

Se é braba muito embora

Agente se compreende

Quando um ao outro se rende

Pode crer foi parceria

Basta sorrir todo dia

Pra me ter como pretende

35

Já mostrei como se entende

A harmonia em um gesto

Implanto riso e atesto

Libere o que não se vende

Tudo só de nós depende

O céu e o paraíso

Negue tudo se preciso

Finja se preciso for

Incorpore riso em dor

Mas nunca negue um sorriso!!

FIM

Jailton Antas
Enviado por Jailton Antas em 14/12/2012
Reeditado em 11/07/2015
Código do texto: T4034927
Classificação de conteúdo: seguro
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