TRISTEZA

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Uma vaca tristonha na caatinga

Magricela pela a seca escravizada

Aparência de quem ta abandona

Sem ter carne que enfie uma seringa

Seu dono de tristeza toma pinga

Nessa hora lhe aplica uma injeção

Acha a veia e faz outra aplicação

De um soro para não desidratar

Ela sai com sintomas de um bar

Tonteando e levando tropicão

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Do que acha vai tentar a refeição

Uma palha, uma casca, ou embira

Em um balde de lixo ela se vira

Qualquer coisa é comida de invenção

E o que come vai arder na digestão

Enche o bucho de engano e muito vento

As fezes inda servem de alimento

Para um pato ou um porco se tiver

Um cachorro, galinha, o que vier

Vai comer, pois não tem outro sustento.

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Carcaça revelando sofrimento;

Uma vaca que a tantos sustentou.

E o homem depois que tanto usou

O despreza sobre forte argumento

Uma nuvem se quer no firmamento

Aparece que me traga a esperança

E desfaz dele e ela a aliança

De ajudar a quem tanto lhe ajudou

Ela morre sem falar que perdoou

Nem esboça um só gesto de vingança

Jailton Antas
Enviado por Jailton Antas em 01/12/2012
Reeditado em 09/11/2013
Código do texto: T4014639
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