É ASSIM A VIDA NA ROÇA!!!

É ASSIM A VIDA NA ROÇA!!!

Rapadura batida e água fria

Da cabaça, do pote ou da quartinha

Um guizado de bode ou de galinha

Ou de queijo de coalho uma fatia

O descanso na hora de meio dia

Ao som da cantiga de um vem-vem

Mungunzá ou um prato de xerém

Com um pedaço de charque bem assada

Essa vida tranquila e sossegada

O campônio desfruta e mais ninguém

Um cuscuz em que o milho foi ralado

Em um ralo dos flandres de uma lata

Misturado com leite e com batata

Feijão verde colhido no roçado

Que em grupo foi todo debulhado

No terreiro na frente da palhoça

Coisa simples, do mato, mas bem nossa

Que não cabe ao povo da cidade

Mas combina com a simplicidade

Do matuto que vive lá na roça

Lá no sítio a comida não acaba

Mesmo em ano que a seca é muito brava

Nunca falta angu farinha e fava

Pra comer misturado com piaba

Mas se a fome aperta e fica braba

O roceiro bem sabe como é

Come a massa do icó ou do imbé

Ou da vagem de um pé de jatobá

Come a fruta madura do juá

Ou as bolas do coco catolé

A batata, raiz do pé de umbu

Alimenta, porém não deixa farto.

Se acaso caçar algum lagarto

É um calango, um iguana ou um teiú.

Mandioca ele rala e faz beiju

De migalhas arruma uma iguaria

Quando a fome provoca uma agonia

Isso o deixa bastante desolado

Sofre muito, mas tá acostumado

Muitas vezes não come todo dia.

Carlos Aires 28/11/2012