O SALVADOR DA PÁTRIA

Prendeu a dona Julinda, parteira referendada

I'nda não quis nem ouvi-la e algemou a coitada.

O que foi que fiz de errado? Perguntava desolada

Desmatamento ilegal por isso foi autuada.

O delito da Julinda não se aceita nem fiança

Foi autuada em flagrante trepada na goiabeira

Precisava de umas cascas daquela nobre madeira

Cozinhar com água doce para o chá de uma criança

Nos autos da ocorrência, o agente autoritário

Sentindo-se onipotente diz que foi desacatado

Que a Julinda oferecia um perigo imensurado

À flora e à ecologia do sistema planetário

O que este não sabia, era que a pobre Julinda

Um dia o ajudou à por os pés neste mundo

Julinda foi a parteira deste imponente facundo

E com as ervas e chás, no parto salvou-lhe a vida

Depois de prender a idosa,o prepotente fardado

Vai ao seu superior, homem justo em liderança

E o chá com toda certeza salvaria uma criança

O sobrinho e afilhado do competente soldado

A criança agonizava em s'ua hora derradeira

A mãe espera com fé no dom da velha parteira

E pro azar do soldado que prendeu a benzedeira

Vê morrer o seu sobrinho pra salvar a goiabeira

(Idal Coutinho)

IDAL COUTINHO
Enviado por IDAL COUTINHO em 30/10/2012
Reeditado em 30/10/2012
Código do texto: T3959655
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