O SALVADOR DA PÁTRIA
Prendeu a dona Julinda, parteira referendada
I'nda não quis nem ouvi-la e algemou a coitada.
O que foi que fiz de errado? Perguntava desolada
Desmatamento ilegal por isso foi autuada.
O delito da Julinda não se aceita nem fiança
Foi autuada em flagrante trepada na goiabeira
Precisava de umas cascas daquela nobre madeira
Cozinhar com água doce para o chá de uma criança
Nos autos da ocorrência, o agente autoritário
Sentindo-se onipotente diz que foi desacatado
Que a Julinda oferecia um perigo imensurado
À flora e à ecologia do sistema planetário
O que este não sabia, era que a pobre Julinda
Um dia o ajudou à por os pés neste mundo
Julinda foi a parteira deste imponente facundo
E com as ervas e chás, no parto salvou-lhe a vida
Depois de prender a idosa,o prepotente fardado
Vai ao seu superior, homem justo em liderança
E o chá com toda certeza salvaria uma criança
O sobrinho e afilhado do competente soldado
A criança agonizava em s'ua hora derradeira
A mãe espera com fé no dom da velha parteira
E pro azar do soldado que prendeu a benzedeira
Vê morrer o seu sobrinho pra salvar a goiabeira
(Idal Coutinho)