A SINA DO NORDESTINO

01

É um Brasil muito extenso

E fácil de trafegar...

O sertanejo a penar,

Dorme e acorda suspenso

Pensando e andando tenso

Na casa pobre e pequena

A fé resume em novena

Toda noite faz um bis

Mais não tem um só feliz

Que ganhou na mega cena

02

O nordestino é raiz

Até na grande cidade

O sul cresceu na verdade

Porque o nordeste quis

Tem marcas e cicatriz

Que a atualidade acena

Cada trapo lhe envenena

Pois nada lhe fez mudar

Pois nunca pode ganhar

Um bolão da mega cena

03

Matuto vive a sonhar

E quando amanhece o dia

Faz finca pra loteria

No ditado de apostar

Se ilude sem se cansar

Faz jogo que inté dá pena

Conserta o fio da antena

Do radio para ouvir

Nem pode se divertir

Com bolão da mega cena

04

Meu sertão pode incluir

Um presidente no trono

Mas não pode ser patrono

Nem seu sonho concluir

Fez o sul evoluir

Cada espaço sobre trena

Inda hoje nada ordena,

Quem fez a grande cidade!

Nem ganha por caridade

Um bolão da mega cena

05

Eu não sei se tem maldade

Ou alguma falcatrua

A verdade nua e crua

Só sai pra grande cidade

Quem elege na verdade

Sem ajuda de novena

Só se ajuntam feito rena

E promove o candidato

Fez com Lula em dois mandato

Mas não ganha a mega cena

06

É por ser matuto nato?

Ou não sabe marcar seis?

Mas se sabe contar reis!

Marca certo isso é fato.

Quem está no mei do mato

Inda sofre de grenguena

Só chama gota serena;

Em tudo fica calado,

Deve ser ludibriado...

No bolão da mega cena

07

Quase tudo é comprado

Da produção do sulíno

Coitado do nordestino

Se ilude com o enlatado

Que no industrializado

O matuto se envenena

Compra caro e ainda acena

Num gesto de gratidão

Mas a sorte é negação

Nunca ganha a mega cena

08

Se acumulado o bolão

Se enchem de ansiedades

Dos Sítios vão pras cidades

Vendendo milho ou feijão,

Fava, mamona e algodão,

O que ganha na quinzena

Marca seis ou a dezena

Paga a cima do valor

Faz o bolão com amor

Mas não ganha a mega cena

09

Os que lá vivem sujeitos

Desse sul que é tão ingrato

Toda semana de fato

Arriscam do mesmo jeito

Engorda o bolão bem feito

No costume reencena

Com outro se contracena

Arriscando lado a lado

Sai o mesmo resultado

Não ganhou na mega cena

10

Eu mesmo tomei pavor

Quando uma vez fui jogar

Vi um velho arriscar,

Desde novo jogador...

Otimista e vibrador

Que só idade armazena

Infeliz classe Milena

Que sonha um dia ganhar

Mas só faz mesmo apostar

Nunca ganha a mega cena

Jailton Antas
Enviado por Jailton Antas em 13/10/2012
Reeditado em 14/12/2016
Código do texto: T3930725
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