Porquê Devo Versejar

01

Eu fui menino sofrido

Lá pras banda do sertão

A pouca alimentação

Me fez crescer desnutrido

Enjeitei de ser bandido

Pois aprendi trabalhar

Papai soube me ensinar

A vida como seria

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

02

Sou um socorro presente

Pra quem tá desanimado

Sou puro leite de gado

Na mesa do indigente

Sou água pura e corrente

Irrigando teu pomar

Sou a brisa no luar

Que a tua angustia alivia

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

03

Eu sou o mel de engenho

Sou a pura raspadura

Um homem da alma pura

A força do desempenho

Minha alma é um desenho

Da perfeição exemplar

Uma voz a explanar

O sonho que contagia

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

04

Sou o menor versador

No improviso ou escrita

Mas, minha frase descrita!

Demonstra o meu amor

Canto o descaso e a dor

De quem não sabe falar

Ensino o menino andar

Sem precisar de magia

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

05

Já cacei o dia inteiro

Com espingarda de soca

Na bebida em uma toca

Só dava tiro certeiro!

Só carreguei o primeiro

Sem tempo pra carregar

A cassa sem esperar

Só parei no fim do dia...

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

06

Viajo na imensidão

De um mundo mais que perfeito

Encontro um erro e ajeito

Na minha imaginação

Sem solo de violão

Descrevo meu palmilhar

Conserto na terra e ar

Nas asas da ventania

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

07

Trago em minha bagagem

Bastante experiência

Dou lugar à coerência

Pra chover na estiagem

Quem de mim fizer clonagem

Bom produto vai levar

Vai dar prumo ao teu andar

Regular tua empatia...

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

08

Nesse meu aprendizado

Já fui muito corrigido

Podia ter desistido,

Como fui desanimado!

De um jeito meio atrasado

Procuro me dedicar

No cair e levantar

O fraco desistiria

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

09

Versejo na madrugada

Na hora que foge o sono

Lembrando do abandono

Da criança abandonada

A lagrima cai consagrada

Com a tristeza a nadar

Faço tudo pra mudar

Mesmo sendo minoria

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

10

Elevo o meu sertão

Declamando o matutês

O original português

Que fala aquela nação

Defendo sua intenção

Que é o costume não mudar

Para que se misturar

Com a classe da boemia

Mas nada disso eu faria,

Se eu parasse de versar!

Fim

Jailton Antas e Mote: Poeta Lemos
Enviado por Jailton Antas em 25/08/2012
Reeditado em 29/08/2012
Código do texto: T3847958
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