MATANDO A SAUDADE DO SERTÃO

Mote: POETA SEBASTIÃO CIRILO

GLOSA: JAILTON ANTAS

01

Lembranças que trago em minha mente

É de um sertão pacato e acolhedor

De um matuto honesto e sofredor

Cultivando prazeroso a semente

Ser honesto é o lema dessa gente

Seja negro, mulato ou albino.

O que importa é todo ano um menino

Seu histórico é filhos no relato

Vou falar do sertão pra ver se mato

A saudade do povo nordestino!

02

Que a saudade maltrata é verdade...

Da comida, é a que mais me judia...

Do almoço na roça em bacia!

Esperando na maior ansiedade,

A lembrança só alcança a metade

No lamento a ideia perde o tino,

Mas me lembro da banha de suíno

A nutrir sertanejo puro e nato!

Vou falar do sertão pra ver se mato

A saudade do povo nordestino

03

A saudade judia e eu num aguento

Viajo dia e noite em agonia

A lembrança suplanta a alegria

O sertão eu enxergo em pensamento

O guisado de um peba fedorento

Ou torrado o sabor é genuíno

A lembrança é o carma do sulino

Num leilão em um sonho arremato

Vou falar do sertão pra ver se mato

A saudade do povo nordestino

04

A bodega o mercado das antigas

O transporte um jumento bem selado

O trator: um, dois bois e um arado!

A esperança do lucro das espigas

Lá não há um mendigo nem mendigas

E o suor desse povo é mais salino,

Onde a igreja pra tudo toca o sino

Para missa, novena ou um relato

Vou falar do sertão pra ver se mato

A saudade do povo nordestino

05

A saudade da fauna nordestina

Do concriz, do xofreu e inhambu.

Do gavião, da coruja e o urubu

Da perdiz , azulão, galo campina

Onde a voz seja grossa, ou seja, fina.

Na caatinga cada um canta seu hino,

Alçapão espera o caboco-lino

Que canta sem temer o desacato

Vou falar do sertão pra ver se mato

A saudade do povo nordestino.

06

Nos arquivos saudosos dessa mente

Vejo a sena do mato em que vivi

Lembro a casa de barro em que nasci

E o carinho de mãe mesmo doente

O meu pai separando a semente

De abobora, melancia e o pepino.

Ensinando plantar cada menino

Caprichoso na função e no bom trato

Vou falar do sertão pra ver se mato

A saudade do povo nordestino

...

Jailton Antas e MOTE DE CIRILO
Enviado por Jailton Antas em 11/08/2012
Reeditado em 23/02/2017
Código do texto: T3825223
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