Sobre a Seca do NORDESTE (ipê)
Mote do cantor e poeta Onildo Barbosa
Quando o velho ipê floresce
Muda o tom da sequidão
Glosa: Jailton Antas
01
Na época da estiagem
Sertanejo se apavora,
Padecer da fauna e flora
Já se ver sem ter folhagem
São poucos os que reagem
E florescem no verão
E na minha região
O mais belo não perece
Quando o velho ipê floresce
Muda o tom da sequidão
02
A vista dói no sol quente
À estrada fica tremendo
Os olhos findam ardendo
E até a água se vende
O sofrimento se estende
Ninguém ver vegetação
No meio dessa estação
O resistente aparece...
Quando o velho ipê floresce
Muda o tom da sequidão
03
Clamando ao padroeiro
Inte mermo oa Pade Ciço
Nem mermo nóis no feitiço
Som Pêdo liga o chuveiro
Romaria o tempo inteiro
E tudo que é oração
Do matuto é a expressão,
Qué pra vê se a chuva desce
Quando o velho ipê floresce,
Muda o tom da sequidão.
04
Sem chuva sofre a perdiz
Pato d’água e jaçanã
Juruti e ribaçã
Anum preto e o concriz
Mesmo assim canta feliz
Bem-te-vi sua canção
Aguarda o fim do verão
Quando o sinal aparece!!
Quando o velho ipê floresce,
Muda o tom da sequidão!
05
Sabugo de milho é rama
Pra vaca que ta com fome
A sede também consome
Água pouca vira lama
O homem! Quem mais reclama,
E mostra insatisfação
Queima tudo no verão
Por isso que o sol aquece
Quando o velho ipê floresce
Muda o tom da... sequidão!
06
Pau-d’arco em minha terra
Vez por outra agente vê
Pois tem o nome de ipê
Na chapada ou mesmo em serra
E quando a chuva se encerra
É que ele entra em ação
E de roxo enfeita o chão
Com pétalas que oferece
Quando o velho ipê floresce
Muda o tom da... sequidão!
07
Seja roxo ou amarelo
A cor mesmo não importa
Madeira boa pra porta
Serve ao rico e ao singelo
Na cabana ou no castelo
Atende com afeição
Floresce em pleno verão
Nem por isso se envaidece
Quando o velho ipê floresce,
Muda o tom da sequidão!
08
Quando a chuva vai embora
Vem o calor ressequido
O catar vira gemido
Da fauna, na murcha flora!
À noitinha e na aurora
É a mesma situação
Não se acha solução
Enquanto a chuva não desce
Quando o velho ipê floresce,
Muda o tom da sequidão!
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