Esse é o entardecer Original do Sertão
01
Num mundo todo moderno
De avanço tecnológico
Aceito ver o que é logico
Pois nem tudo é eterno
A não ser Céu e inferno
Terror e consolação
Até a recordação
Parece não fenecer
De um belo entardecer
Original do sertão
02
Quando estou na capital
Formosa cidade grande
Por onde quer que eu ande
No calor ou vendaval
Não esqueço o capinzal
Nem a palma da ração
No meio da sequidão
Um boi vei a remoer
Esse é o entardecer
Original do sertão
03
Uma casaca de couro
Traz ultimo gravetinho
Vem colocar no seu ninho
Sua casa seu tesouro
Depois vai no bebedouro
Sua ultima refeição
Bebe agua cisca o chão
Só volta ao escurecer
Esse é o entardecer
Original do sertão
04
Ouço o cantar do três coco
No final do lindo dia
Mãe da lua de alegria
Se trepa encima do toco
Solta o brado mesmo rôco
Esperando a escuridão
Soletra sua canção
Só ela sabe fazer
Esse é o entardecer
Original do sertão
05
O tejuaçu rasteja
No rumo do seu buraco
Capote canta tô fraco
Peru gordo gorgoleja
O faisão também festeja
Outro grito do carão
Despeneira o gavião
Do alto tem que descer
Esse é o entardecer
Original do sertão
06
Anum preto se aninha
Na moita de aveloz
Ninguém mais se houve a voz
Da lambú e da rolinha
Um pretume de andorinha
Avoa pro casarão
E o morcego pro plantão
Começa se aquecer
Esse é o entardecer
Original do sertão
07
Um caçote se desperta
Sai da toca um cururu
No brado de um jacu
O restante fica alerta
A cobra rasteja esperta
Na beira do ribeirão
A língua na direção
Fareja o que vai morder
Esse é o entardecer
Original do sertão
08
O formigueiro se assanha
De tanajura se empesta
E voam com a molesta
Ganha um altura tamanha
O macho penetra a banha
Pra total fecundação
De fraqueza cai no chão
Lentamente vai morrer
Esse é o entardecer
Original do sertão
09
O saguim come resina
O xexéu cassa banana
O guará procura a cana
Porem só sai na surdina
O touro cheira a urina
Duma vaca no mourão
Vaqueiro guarda o gibão
Quando cumpre seu dever
Esse é o entardecer
Original do sertão
10
A raposa se aquece
Pra cumprir sua rotina
O peba franze a narina
Quando o sol desaparece
Se a noite fria desce
Havendo chuva ou não
Vaga-lume da plantão
Pois viu o sol se esconder
Esse é o entardecer
Original do sertão
11
Uma triste ribaçã
Sai em busca da nascente
A lambu-pé também sente
Que não bebeu de manhã
Lá encontram a acauã
Pregando a desilusão
Todos bebem e se vão
Bela cena de escrever
Esse é o entardecer
Original do sertão
12
As nuvens fazem barreiras
Pro lado que sol se esconde
Cada uma então responde
Nas fendas como peneiras
Um vermelhão sem fronteiras
Sai daquela região
Nos chegam na perfeição
Incapaz de descrever
Esse é o entardecer
Original do sertão
13
O sol aquece de dia
O orvalho então se manda
A claridade comanda
Mas depois se esvazia
Quando vai ficando fria
Seus assessórios se vão
Muda o quadro do chão
Assistimos se inverter
Esse é o entardecer
Original do sertão
14
Na ordem que dar sem fala
A honrosa natureza
Organizar com pureza
Toda fauna, ela escala!
A noite mudava escsala
Entram outros pro plantão
Fazem essa mutação
Sem precisar contender
Esse é o entardecer
Original do sertão
15
A flora de dia encanta
Com as cores das mais belas
À noite as aquarelas
São lindas em cada planta
Não cantam com a garganta
Mas encantam com ação
Perfumam a escuridão
Quando a noite vem render
Esse é o entardecer
Original do sertão
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