O CABOCLO JOSÉ BENTO
José Bento cabra serio
Verdadeiro e corajoso
Respeitado e respeitoso
Desafiou um mistério
Chegou lá na corrutela
Um sujeito esquisito
Baforejava um pito
Deixou o povo na cautela
De uma aparência rara
Era mesmo apavorante
Nunca mostrava o semblante
Ninguém via sua cara
O esquisito andante
Que todos desconhecia
D"onde vinha P'ronde ia
Do povo sempre distante
De tardinha lá na venda
Se alguém se aproximava
O cabra se retirava
Da presença tão horrenda
Um dia o José Bento
Aproximou-se com jeito
E quis saber do sujeito
Qual era o seu intento
O homem desconfiado
Olhou Zé Bento nos olhos
Que sentiu-se num imbróglio
Como se hipnotizado
Voz firme bom desempenho
Respondeu-lhe o andeiro
Eu já fui um fazendeiro
Um grande senhor de engenho
Fui senhor e coronel
Sofreu quem foi meu escravo
Meu feitor era o mais bravo
Morri e não vi o céu
Renasci pra o desagravo
De quem morreu em meu tronco
Vim pra este reencontro
Você foi um meu escravo
Pediu perdão pro Zé Bento
Que perdoou e sorriu
O homem dobrou a esquina
Nunca mais ninguém o viu.
(Idal Coutinho)