O CABOCLO JOSÉ BENTO

José Bento cabra serio

Verdadeiro e corajoso

Respeitado e respeitoso

Desafiou um mistério

Chegou lá na corrutela

Um sujeito esquisito

Baforejava um pito

Deixou o povo na cautela

De uma aparência rara

Era mesmo apavorante

Nunca mostrava o semblante

Ninguém via sua cara

O esquisito andante

Que todos desconhecia

D"onde vinha P'ronde ia

Do povo sempre distante

De tardinha lá na venda

Se alguém se aproximava

O cabra se retirava

Da presença tão horrenda

Um dia o José Bento

Aproximou-se com jeito

E quis saber do sujeito

Qual era o seu intento

O homem desconfiado

Olhou Zé Bento nos olhos

Que sentiu-se num imbróglio

Como se hipnotizado

Voz firme bom desempenho

Respondeu-lhe o andeiro

Eu já fui um fazendeiro

Um grande senhor de engenho

Fui senhor e coronel

Sofreu quem foi meu escravo

Meu feitor era o mais bravo

Morri e não vi o céu

Renasci pra o desagravo

De quem morreu em meu tronco

Vim pra este reencontro

Você foi um meu escravo

Pediu perdão pro Zé Bento

Que perdoou e sorriu

O homem dobrou a esquina

Nunca mais ninguém o viu.

(Idal Coutinho)

IDAL COUTINHO
Enviado por IDAL COUTINHO em 07/07/2012
Reeditado em 22/07/2012
Código do texto: T3765264
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