ESSE É O ANO EM QUE SE COMEMORA OS CEM ANOS DE NOSSO “GONZAGÃO”!
ESSE É O ANO EM QUE SE COMEMORA
OS CEM ANOS DE NOSSO “GONZAGÃO”!
No trabalho que ora apresento
Faço a síntese histórica e o relato
Desse grande poeta que de fato
Exaltou nossa terra em cem por cento
Demonstrando com garra e com talento
Que esse gênio oriundo do sertão
É o pai verdadeiro do baião
Esse ritmo que o povo tanto adora
E em recíproca o Nordeste comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Vai haver grande festa, e o cenário
É a terra onde fez a bela saga.
Nosso “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga!
Fosse vivo faria um centenário
Esse filho do velho Januário
E Santana, oriundo do sertão
Veio ao mundo cumprir sua missão
Passo a passo cumpriu e foi embora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Em Exú na Fazenda Caiçara
Januário formou a sua equipe
No pezinho da Serra do Araripe
Foi ali que nasceu a “Jóia rara”
Logo cedo aprende e se prepara
Pra o sucesso na sua profissão
Viu nos palcos e praças o povão
Fazer coro bradando que lhe adora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Cantou tudo que pode se cantar
Das culturas e mitos do seu povo
“Asa branca” Assum preto” “Capim novo”
O sol quente e as noites de luar
Sem jamais se esquecer do seu lugar
Nem das coisas da sua região
Foi além das fronteiras da Nação
Elevando o país de mundo afora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Fez sucesso cantando “Boiadeiro”
E até hoje o povo ainda aprova
“Acauã” “Sabiá” “Cacimba Nova”
“Pau de Arara” e “A morte do vaqueiro”
“Carolina” de quem sentiu o “Cheiro”
“O cigarro de paia” o “Algodão”
“Juazeiro” “O jumento é nosso Irmão”
Até mesmo do “Adeus” cantou a “Hora”
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
“Zé do Baile” e o “Forró de Zé Tatu”
“Letra “I” e o “Forró de Mané Vito”
Se “Adeus Pernambuco” é tão bonito
Também lindo é o “Velho Novo Exú”
“Carapeba” “Um pra eu otô pra tu”
“Paulo Afonso” e o “Pássaro Carão”
Tem a tal “Moreninha tentação”
“Chá Cutuba”, que o idiso revigora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Lutou tanto em favor do nordestino
A quem por toda vida defendeu
Fez de tudo, mas nunca se esqueceu
Desse povo sofrido e peregrino
No comando das rédeas do destino
Ajudou a quem tinha precisão
Todo aquele a quem “Lua” deu a mão
Viu surgir o fulgor da nova aurora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Foi devoto fiel de “Padim Ciço”
Fez cantigas bonitas pro romeiro
Pro caboclo da roça, o cangaceiro
Pro político corrupto e sempre omisso
Foi correto honrando o compromisso
Foi zeloso com cada obrigação
Talentoso ao criar nosso baião
E hoje o público saudoso rememora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Cantou bem o “Calango da lacraia”
“Xanduzinha” estava no seu plano
Alfaiate ele foi “Cortando Pano”
Com “O maior tocador” o povo ensaia
Cantou desde o sertão até a praia
No Brasil foi a cada região
Promover alegria e emoção
Cada fã de saudade ainda chora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Com o triangulo a zabumba e a sanfona
Cantou secas mazelas e belezas
Injustiças, flagelos, e tristezas
Fez da vida uma eterna maratona
No transporte sonoro deu carona
Aos festejos das noites de São João
Os forrós que hoje tocam já não são
Animados iguais aos de outrora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Descrevendo à cruel “Triste Partida”
Que doeu e amargou “Que nem glló”
Da estrada que vai pra “Seridó”
Cada “Légua tirana” foi medida
A virtude por ele conseguida
Atribui-se ao nobre coração
Quem conhece “Luiz” tem a noção
Do relato que estou fazendo agora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Foi um estro cantando sua terra
Do nordeste ele fez o seu escudo
Foi feliz ao cantar “Serrote agudo”
Teve êxito lá “No meu-pé-de-serra”
O seu canto não cala nem se encerra
Seu legado tem continuação
Irá sempre encontrar sustentação
Sua fama, o tempo não devora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
“Pau-de-arara” “Perpétua” “Piauí!
Na voz dele cantada, são divinas
“Imbalança” e o “Xote das meninas”
É o versejo mais lindo que eu ouvi
Um poeta igual, eu nunca vi
Tá difícil de haver a sucessão
Não dá nem pra fazer imitação
Outra voz como a dele não aflora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
“Á-bê-cê do sertão” foi um sucesso
E as “Vozes da seca” seu emblema
Os “Tropeiros” de lá da “Borborema”
Pioneiros nos rumos do progresso.
Mas o tempo malvado e tão perverso
O levou para outra dimensão
A matéria sem vida foi ao chão
Mas a voz inda ecoa tão sonora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
As lorotas falando da parteira
Ao jumento ele fez apologia
“Sertaneja” a linda “Ave-Maria”
Com esmero cantou “Chaculateira”
“Farinhada” o balanço da peneira
Passo a passo fez a demonstração
Com o sotaque matuto deu vazão
E o seu timbre de voz, não jogou fora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Ele sempre cantou com muita raça
Seu destaque era a voz e a melodia
Sua vida, um poema, e a poesia
Desse vate, igual não há quem faça
No seu show costumava fazer graça
A platéia aplaudia em profusão
Um coral se formava, e a multidão
Era a prova cabal dessa penhora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Nas estrofes acima achei por bem
Descrever nos meus versos em cordel
Sobre a vida do grande menestrel
Luiz Gonzaga, a quem dou a nota cem
Observe com calma, e dê também
Ou ao menos exprima a opinião.
Ele foi lá pro céu cantar canção
Para a mãe de Jesus, Nossa Senhora
Esse é o ano em que se comemora
Os cem anos de nosso “Gonzagão”
Pra falar de Gonzaga é necessário
Muitos livros contando sua história
Mas, o pouco guardado na memória
Deixo escrito em resumo e em sumário
Nesse ano em que faz um centenário
Fiz em versos a minha narração
Deixo expressa a minha opinião
Mesmo humilde modesta e bem discreta
É o que pude fazer como poeta
Pros cem anos de nosso “Gonzagão”
Carlos Aires 21/06/2012