QUEM NASCEU LÁ NAS BRENHAS DO SERTÃO, NÃO SE ESQUECE DA CASA EM QUE VIVEU!

QUEM NASCEU LÁ NAS BRENHAS DO SERTÃO

NÃO SE ESQUECE DA CASA EM QUE VIVEU!

(Mote e glosas de Carlos Aires)

O terreiro era grande e pedregoso

Um alpendre sombrio, uma calçada

A porteira na beira da estrada

Junto a um pé de angico bem frondoso

Lembro ainda de um pé de fedegoso

De um jumento por nome “Zebedeu”

E do pé de quixaba aonde eu

Na infância brinquei com meu irmão

Quem nasceu lá nas brenhas do sertão

Não se esquece da casa em que viveu!

Sala grande, com um longo corredor

Que levava pra sala de jantar

As panelas de barro, o alguidar

Lembro o fogo de lenha, o abanador

Também lembro de cada armador

Que a ferrugem sem dó já carcomeu

Lembro as noites escuras, tal qual breu

De mamãe acendendo o lampião

Quem nasceu lá nas brenhas do sertão

Não se esquece da casa em que viveu!

Oratório com vários castiçais

Onde velas mostravam seus clarões

Nas seis horas da noite as orações

Implorando as graças divinas

Entre os santos, os que me lembro mais,

Santo Antônio e São Bartolomeu

São Cristovam e São Judas Tadeu

De São Bento São Pedro e São João

Quem nasceu lá nas brenhas do sertão

Não se esquece da casa em que viveu!

Nesse rancho campônio e original

Onde pai abrigou sua família

Ainda lembro tão pobre era à mobília

Que continha no quarto do casal

Objetos de uso pessoal

Numa mala que meu avô lhe deu

Dentre as coisas que o tempo abateu

Lembro a mesa um banco e um pilão

Quem nasceu lá nas brenhas do sertão

Não se esquece da casa em que viveu!

Carlos Aires 15/06/2012

Bela inteiração de Carlos Alê

Carlos Aires você já tem nos dado

muitas rimas de estilo vigoroso

Quanto mais um poeta está saudoso

tanto mais ele fica inspirado

Essa tese você tem comprovado

quando honra o lugar em que nasceu

Quem não cospe no prato que comeu

quando fala em saudade é com razão

Quem nasceu lá nas brenhas do sertão

não se esquece da casa em que viveu!