A BOA VIDA DO MATUTO
Voltado a minha querida cidade de São José de Princesa, tive o desprazer de ouvir meu pai dizer que não encontra mais uma pessoa que queira trabalhar no serviço braçal, como: capinar, fazer cercas,
dar ração a gado, em fim fazer o que se deve fazer na vida do campo...
Porque isso acontece?
O governo tirou a necessidade do povo trabalhar...
Vejam:
01
Matuto num sofre mais
Como foi antigamente
Trabalhar o dia todo
Se queimando no sol quente
Agora tem regalia
Num trabalha nem um dia
Pois vive melhor que agente
02
Numa casinha descente
Na beira de uma estrada
Ou mesmo no meio da mata
Num precisa ser caiada
Tendo um matuto morando
Pode crer que ta sobrando
Nem que seja a filharada
03
Do lado da sua amada
Ele firma seus projetos
Casando logo nos dois
Compra cama e objetos
Começa a produção
Faz menino de montão
Ensinando a ser corretos
04
Pra não ser analfabetos
Matricula na escola
Pois logo quando nasceu
Num precisou de esmola
Porque teve um incentivo
Por ser um pai produtivo
Boa grana ele descola
05
O sertanejo rebola
Com tanta felicidade
Cada filho um beneficio;
Auxilio maternidade!
Que é quase três mil reais
Traz beneficio prus pais
Matando a ansiedade
06
Gasta todo der vontade
Com o filho ou sem ser
Crescendo vai pra escola
Onde passa a receber
Um tal de bolsa família
Vem direto de Brasília
Pra ninguém interromper
07
E não para de crescer
Ninguém ver seu enchimento
No cartão tem bolsa escola
Depois jovem , do momento!
Sendo ele organizado
Nunca mais no alugado
Passa ser seu sofrimento
08
Já se desfez do jumento
Comprou uma mobilete
Já comprou barbeador
Jogando fora o gilete
Até o chá de improviso
Não usa nem se preciso
Pois pode comprar cachete
09
Tem TV para a manchete
Na casa uma antena em cima
Que nem fala parabólica
Se fala quebra o clima
Dorme durante o dia
Fresca sombra e água fria
Vida boa só dar rima!!
10
Zelando da obra prima
Esposa é bem cuidada
Não busca água em cacimba
Pra o banho na meninada
Nada disso lhe consterna
Pois tem água na cisterna
Que nela não gastou nada
11
Casa bem ornamentada
No quintal de tudo tem
Uma cadela no cio
Um cachorrinho também
E ele só espiando
Quem pare de vez em quando
Num da ela nem pro cem!!!
12
A rede pro vai e vem
No alpendre do nascente
Pra espiar a novilha
Que emprenhou recentemente
E a porca parideira
Comprada no mei de feira
Um vira lata valente
13
Eu passo na hora quente
De longe só cumprimento
Recebo de lá pra cá
Brados de contentamento
Seguindo minha viagem
Pois tenho que ter coragem
Nem é sorte pro momento
14
Num telhado um catavento
No terreiro pião roxo
Pra ninguém botar olhado
Tem a figa do boi mocho
Conforme a estação
Inda engorda no mourão
Um boi com ração no cocho
15
Sendo assim nada é chocho
Os filhos são sua sorte
O alugado já era
O governo lhe fez forte
A trajetória que trilha
Na sua mão tudo brilha
Sem nunca levar um corte
16
Não mendiga mais transporte
Mode ir fazer a feira
Se precisa inté de fumo...
Quem sabe outra besteira
Se munta na mobilete
Compra tudo e até chiclete
Sem precisar de carreira
17
Mordomia de primeira
O sertanejo desfruta
Quem comia feijão puro
Hoje ta comendo fruta
Mas tem que morar no mato
Se não perde o bom trato
E volta a ser recruta
18
Na antiga vida bruta
O sofrimento era tanto
Sem ter credibilidade
Sem andar em todo canto
Até pra fazer promessa
Quando a vida tava opressa
Faltava inté um bom santo
19
De tanto derramar pranto
Hoje nem se lembra mais
Só sombra e água fresca
Trata bem seus animais
Pois palmas pra o presidente
Que o sofrer dessa gente
Ancorou em outro cais
20
Já basta nos ancestrais
A vida ter sido dura
Iludidos desde o ventre
Levando só desventura
Todo mal tem o seu fim
O governo quis assim
Não há mais tanta amargura!!
Viva Lula!!