SERTANEJO PERSISTENTE!!!

SERTANEJO PERSISTENTE!!!

Sou casca de baraúna

Sou miolo de aroeira

Sou a coruja agoureira

Sou o canto da craúna

Sou o esteio, a coluna

Do alpendre do casarão

Meu fardamento é o gibão

Estimo cavalo e gado

Vivo feliz e animado

Pois adoro o meu sertão

Em tempo de seca brava

Que todo sertão flagela

Pra não sofrer a sequela

Por ali ninguém ficava

De um por um se afastava

Carregando o matulão

Todos fugiam, eu não!

Só por querer dar a prova

Que daqui só vou pra cova

Pois adoro o meu sertão

E mesmo depois da morte

Não deixarei a peleja

Minha alma é sertaneja

Por isso é que sou tão forte

Deus me ajuda, dá suporte

Coragem, disposição

Pra ficar na região

E aqui encontrar guarida

Enfim tocar minha vida

Pois adoro o meu sertão

Eu já vivo acostumado

Com o sol quente na cara

Dormir em cama de vara

Viver assim maltratado

Qualquer serviço pesado

Pego e não faço questão

Pra não deixar meu torrão

Desço qualquer precipício

Faço todo sacrifício

Pois adoro o meu sertão

Nem mesmo a fome malvada

Ou a sede torturante

Fazem-me ir pra distante

Da minha terra adorada

Daqui não saio por nada

Nem pra ganhar um milhão

Esse pedaço de chão

Onde nasci e me criei

Jamais abandonarei

Pois adoro o meu sertão

O sertão é minha vida

Venero meu lugarejo

Desse solo sertanejo

Jamais eu darei partida

Essa tal de despedida

Pra mim é um palavrão

Pois nesse meu coração

O sangue é sumo de mato

E assim esclareço o fato

Pois adoro o meu sertão

Vou pedir pra cada amigo!

Quando eu deixar esse mundo

O chão que sou oriundo

Seja meu eterno abrigo

Não precisa de jazigo

Nem flores, só oração

Coloquem o meu caixão

Na sombra dum pé de angico

Que muito feliz eu fico

Pois adoro o meu sertão

E mesmo estando enterrado

Sempre sentirei o cheiro

Das flores do umbuzeiro

Ouço o chocalho do gado

Fico perto do roçado

Que plantei milho e feijão

Sem sair do meu rincão

Deixei a missão cumprida

Na minha terra querida

Pois adoro o meu sertão!!

CARLOS AIRES 23/01/2012

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 23/01/2012
Reeditado em 23/01/2012
Código do texto: T3457325
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