SE UMA FLOR QUER DOAR, QUE DOE EM VIDA QUANDO A MORTE CHEGAR NÃO VALE MAIS!!!
SE UMA FLOR QUER DOAR, QUE DOE EM VIDA
QUANDO A MORTE CHEGAR, NÃO VALE MAIS.
(Mote de Carlos Aires)
Glosas, Carlos Aires e Onildo Barbosa
Numa cantoria virtual ao vivo no Orkut na comunidade
“CABANA DA POESIA”
CA
É costume entre nós, seres humanos
Quando o golpe mortal nos traz as dores
Rezam, oram, pranteiam levam flores
No momento infeliz dos desenganos
O teatro da morte traça os planos
Com as cenas macabras tão reais
Quando em vida, o defunto que ora jaz
Não ganhou uma simples "margarida"
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais!
OB
Traga flores no meu aniversário
Pra que eu possa botá-las na janela
Rosa branca, vermelha ou amarela
Elas vão enfeitar o meu cenário
Só não traga no ato funerário
Para mim esses atos são banais,
De que vale perfumes naturais
Sobre ossos e carne apodrecida?
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar, não vale mais.
CA
É comum ao chegarmos num velório
Encontrar ramalhetes e coroas
Flores caras, bonitas, coisas boas
Torna o ato funéreo tão notório
O valor disso tudo é irrisório
Pra quem morre são coisas tão banais
Pois se gostam sequer nos dão sinais
De que é grata a oferta recebida
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais!
OB
Acho que tudo isso é uma falha
Tanto enfeite, e presente apos a morte
Um cadáver no último transporte
Entre, rosas, coroas ou medalha
Uma vela, um caixão, uma mortalha,
Bandeirinhas, cortinas castiçais
Alfazemas, lavandas vegetais,
Na disso proíbe a despedida!
Se uma flor quer doa, que doe em vida
Quando a morte chegar, não vale mais
CA
Quando a vida se esvai, nossa matéria
Alguns dias depois vira destroços
Nossa carne derrete fica os ossos
Pare e pense que a coisa é muito séria
Passa a ser uma massa deletéria
Caem vermes por cima, e aliais
Ninguém quer chegar perto desses tais
Mesmo sendo pai, filho, ou mãe querida
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais!
OB
Quem quiser me dar flores dêem-me agora
Pra que eu viva o momento do presente
Se quem morre não vê, nem nada sente
Pode até pegar tudo e jogar fora
Por que é que você vem nessa hora
Demonstrando valor e cabedais,
Com grinalda de mais de mil reais,
Coroando o compasso da partida?
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais.
CA
Se uma flor quer me dá eu agradeço
Pode ser cravo rosa ou flor-de-lis
Com certeza irei ficar feliz
A dizer: obrigado, eu não mereço
Serei grato sem dúvida, meu apreço
E as estimas sinceras são reais
Mesmo sendo nas horas terminais
No momento ingrato da partida
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais!
OB
Todo morto é inerte, surdo e cego
Pra que tanto presente em minha morte
Música, carro, servindo de transporte,
Se eu não ouço, não vejo e nada pego?
É por isso que em vida eu já renego
Esses vagos costumes sociais
Quero apenas a bênção dos meus pais,
Sem discurso ou qualquer mensagem lida
Se uma flor quer doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais.
CA
Junto ao féretro, acesas quatro velas
Tem mensagens que vem de vários cantos
A viúva ou viúvo verte prantos
Relembrando o luzir da vida bela
A estatua de um santo em sentinela
Induzindo mensagens divinais
Que pra alma, as mansões celestiais
Já tem vaga afirmada e garantida
Se uma flor doar, que doe em vida
Quando a morte chegar não vale mais
Carlos Aires e Onildo Barbosa
11/01/2012