NO INÍCIO DAS CHUVARADAS!!! (oitavas)

NO INÍCIO DAS CHUVARADAS!!!

(oitavas)

Quando pras bandas do leste

No sertão ou no agreste

O céu todo se reveste

Com as nuvens carregadas

Baixando a leve cortina

O vento varre a campina

Pra receber a neblina

No início das chuvaradas

As cabras agasalhadas

Ficam logo arrepiadas

Pra não ficarem molhadas

Se aconchegam no aprisco

Ali elas se amontoam

Porque as águas escoam

Longe os trovões já ecoam

E os raios soltam corisco

Vai engrossando o chuvisco

Quando o sol quente e arisco

Trata de esconder seu disco

Por detrás do nevoeiro

A pradaria escurece

Quando a luz solar perece

Fazendo com que comece

Cair um forte aguaceiro

Foi o rego do barreiro

Bem varrido, e o terreiro

Tratado até no aceiro

Pra água descer limpinha

Salpicos da cumeeira

Vão molhando a casa inteira

Aparece uma goteira

No telhado da cozinha

Avista-se uma andorinha

No céu voando sozinha

Na tentativa mesquinha

De que retorne o verão

O seu esforço é à toa

Porque enquanto ela voa

Já se escuta na lagoa

Feliz cantando o carão

O matuto no galpão

Cobre o paiol de algodão

Junto aos silos de feijão

Que ali se encontram guardados

E assim fique sem receios

Confere caibros e esteios

Protege bem seus arreios

Pra que não fiquem molhados

Cultivadores e arados

Que estavam desativados

Já estão sendo preparados

Para o funcionamento

Vai terminar o descanso

De uma junta de boi manso

Também entram nesse lanço

Burro, cavalo e jumento

Usei meu conhecimento

De matuto “cabrunquento”

Pra citar cada elemento

Que contém a narração

Pois quem nasceu lá no mato

Conhece tudo e de fato

Sabe fazer o relato

Dessas coisas do sertão!

Carlos Aires 08/01/2012

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 08/01/2012
Código do texto: T3429148
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