EU SÓ SINTO O SABOR DA POESIA QUANDO FALO DAS COISAS DO SERTÃO!!

EU SÓ SINTO O SABOR DA POESIA

QUANDO FALO DAS COISAS DO SERTÃO!!

Se o sertão é o palco que me inspira

Dá-me força vigor e propicia

Se as estrofes que eu faço a cada dia

Nelas constam velame e macambira

Acauã, sabiá, galo caipira

A raposa, o preá e o gavião

O vaqueiro montado no alazão

E o romeiro seguindo em romaria

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

O matuto bem cedo está de pé

Enrolando o cigarro numa palha

Bota o jegue debaixo da cangalha

E a sela no velho pangaré

Na bagagem tarrafa e jereré

Uma foice uma enxada e um facão

Com a calça rasgada e os pés no chão

Vai à luta com muita alegria

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

No sertão ressequido a vida brota

Na florada dos velhos pés de umbu

Se o facheiro e o mandacaru

Está florindo, o sertanejo nota

Que em breve terá água na grota

Quando escuta a peitica e o carão

É o fim da terrível sequidão

E o período chuvoso se inicia

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

É bonito demais o meu lugar

Quando chove e a terra está molhada

A lavoura de milho esverdeada

Está flechando querendo pendoar

Logo a fava começa a enramar

Já se ver muitas vagens no feijão

Se presume que a festa de São João

Ira ser bem maior do que devia

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Quem nasceu no sertão só vai gostar

D’água fria do pote limpa e pura

De “farinha de milho” e rapadura

De num fogo de lenha cozinhar

Um cuscuz ou feijão pra degustar

O sabor dessa boa refeição

Com a carne gostosa de um capão

Ou talvez de um carneiro que ele cria

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Também gosta de uma buchada boa,

De galinha guisada e cabidela,

De uma fava cosida na panela

Come muito repete e não enjoa,

De um bom peixe pescado na lagoa

Mocotó, chambaril num bom pirão,

De um bom queijo de coalho, requeijão,

Com cuscuz ou coalhada todo dia,

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Também gosta de uma buchada boa,

De galinha guisada e cabidela,

De uma fava cosida na panela

Come muito repete e não enjoa,

De um bom peixe pescado na lagoa

Mocotó, chambaril num bom pirão,

De um bom queijo de coalho, requeijão,

Com cuscuz ou coalhada todo dia,

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Também gosta de uma buchada boa,

De galinha guisada e cabidela,

De uma fava cosida na panela

Come muito repete e não enjoa,

De um bom peixe pescado na lagoa

Mocotó, chambaril num bom pirão,

De um bom queijo de coalho, requeijão,

Com cuscuz ou coalhada todo dia,

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Também gosta de uma buchada boa,

De galinha guisada e cabidela,

De uma fava cosida na panela

Come muito repete e não enjoa,

De um bom peixe pescado na lagoa

Mocotó, chambaril num bom pirão,

De um bom queijo de coalho, requeijão,

Com cuscuz ou coalhada todo dia,

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Também gosta de uma buchada boa,

De galinha guisada e cabidela,

De uma fava cosida na panela

Come muito repete e não enjoa,

De um bom peixe pescado na lagoa

Mocotó, chambaril num bom pirão,

De um bom queijo de coalho, requeijão,

Com cuscuz ou coalhada todo dia,

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

O sertão para mim é a essência

Que odora e adorna meus poemas

Ouvi muito o cantar das seriemas

No período da infância e adolescência

Hoje amargo a terrível consequência

De viver tão distante desse chão

E voltar a morar nesse torrão

Com certeza era tudo que eu queria

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Eu adoro o sertão por ter nascido

Nessa brenha em meio ao cafundó

Tal qual fosse um preá ou um mocó

Que ali vive na loca escondido

Escutando o trinado em sustenido

Da garganta afinada de um cancão

No angico o "campina" faz questão

De exibir sua voz em cantoria

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão!

Sertanejo se alegra na invernada

Com os raios na serra clareando

O trovão com braveza ribombando

E a água jorrando pela estrada

Vendo o pulo feliz da bezerrada

A correr na maior animação

E viçosa crescendo a plantação

Traz motivo pra tanta euforia

Eu só sinto o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão

Pra o poeta fazer verso bonito

Não precisa o requinte de uma ode

Se fizer como sabe e como pode

Não difere do clássico ou erudito

Basta olhar pro azul do infinito

Ou pras noites de lua no verão

Busco forças pra minha inspiração

Nessa terra que tanto contagia

Pra sentir o sabor da poesia

Quando falo das coisas do sertão

Carlos Aires 05/01/2012

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 05/01/2012
Reeditado em 25/11/2020
Código do texto: T3423910
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