A televisão de dona Tel

A televisão de dona Tel

Vou falar duma pessoa

Que os céus dizem amém

Uma pessoa maravilhosa

Nunca fez mal a ninguém

Simples e trabalhadora

Que hoje não mais se tem

Os cabelos tá branquiados

O sorriso já enrugou

A gentileza é a mesma

Isso ela nunca renegou

O caminhar é compassado

Marca de quem trabalhou

Tem na alma a bondade

E nas ações o seu valor

De dignidade é uma fonte

Em sua vida sobra amor

As feridas que a vida fez

Ela soube vencer a dor

Dona Tel é esse anjo

Que Deus nos presenteou

Casada com seu Joatão

O homem que tanto amou

Quatorze filhos fizeram

Nenhum deles abandonou

Em sua grande sabedoria

A paz sempre procurou

Por ajudar ao próximo

Respeito ela conquistou

E um grande trabalho

A comunidade prestou

Hoje me dar saudade

E recordo com emoção

Sua ilustre humildade

E de tanta compreensão

Por deixar a todos nós

Assistir em sua televisão

Sem fazer diferença

Todos eram telespectador

Branco, preto ou índio.

De vadio a trabalhador

Mulher, homem, menino.

De analfabeto a doutor.

Quase vinte quatro horas

A TV não desligava

Pequena mais potente

A turma telespectava

Preto e branco a imagem

Todo povo apreciava

Filmes, jornais, novelas.

Tinha público especial

Desenhos, shows e humor.

A meninada via legal

Futebol e reportagem

Era coisa sensacional

Mininos fedorentos

Esparramado no chão

Adultos no tamborete

Uma cadeira pra Joatão

Dona TEL na poltrona

Todos vendo televisão

Gargalhadas e cochicho

E o psiu logo se ouvia

Sustos e muitos gritos

Isso sempre acontecia

Olhos meios lagrimosos

Com as cenas que se via

Chulé com comichado

Sempre tinha um alguém

Fedor azedo e arroto

As vezes sabia de quem

Mas com toda essas coisas

TEL nunca expulsou ninguém

A novela era na sala

Uma sueca na cozinha

Os cabas não resistiram

A sala bem completinha

Aderiram às novelas

deixaram as cartinhas.

Caba vei bigodudo

Ria-se que a chapa caia

Comentavam as cenas

E vinham no outro dia

Menino caia no sono

Acordava dizendo arizia

O sucesso da televisão

Nunca pode se medir

Nem a entrada do povo

TEL nunca quis impedir

Assistia todo mundo

Podiam se divertir.

As portas nunca fecharam

Iam pela madrugada

Às vezes o dia nascia

E a negrada pegada

Nem respeitava o sono

De quem a TV doava

Foi durante muitos anos

A TV grande atração

De cachoeira do sapo

Que não tinha animação

De segunda a segunda

De primavera a verão.

Na calçada os jovens

Procuravam se agradar

Era o lugar predileto

Pra começar namorar

Banhados e perfumados

Tentavam impressionar

Foi também palco de brigas

Para na porta escorar

Pois a sala estava cheia

Não dava mais pra entrar

Então eles se apertavam.

Para a TV apreciar

Os filhos de dona tel

Não impediram o divertir

Raquel, Chico, Daniele

Lú, Basto, Neide, Joacir.

Com Ciço, júlia, zefa

E Galega a contribuir

Janaina, Ivone, cida.

Também mariquinha

Viram muito essa cena

Quando a cachoeira vinha

A casa sempre lotada

Do forasteiro a vizinha

O tempo foi passando

As coisas melhoraram

O povo comprou sua TV

Lá de TEL se afastaram

Esqueceram tanto favor

Que dela contemplaram

Dona TEL subiu ao céu

Depois de seu Joatão

Deixando para todos

Exemplo de comunhão

Repleto de humildade

Cheio demais de compaixão

O melhor filme de todos

Foram os protagonistas

Longe das câmeras

São os grandes artistas

E na TV da vida

A todos nós conquista

Eu ali muito que assisti

Dona TEL meu obrigado

Jamais vou me esquecer

Dos favores abençoados

Hoje eu rezo a Deus

Pra TELs ter multiplicado.

Sua atitude me ensinou

Muito de solidariedade

Por isso tanta gratidão

Com toda sinceridade

Meu obrigado por tudo

Paz em sua eternidade

Que na televisão dos céus

A senhora possa assistir

Rodeada pelos anjos

Com seu Joatão a sorrir

De como nos ensinou

Com os outros dividir

Fica na paz e com Deus

Guardada em seu amor

Mesmo na eternidade

Permanecerá seu valor

Dessa mulher de fibra

Assistida pelo criador

Lino Sapo
Enviado por Lino Sapo em 05/10/2011
Reeditado em 15/10/2016
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