Na aba do meu chapéu.

Meu chapéu de couro rústico

Que acompanha minha peleja

O suor é a marca do tempo

Atrás do que se almeja

Ele é meu companheiro

O meu fiel escudeiro

Sobre o que agente planeja

Com ele já domei boi

E derrubei touro bravo

Encarei boca de cobra

De selvagem fiz escravo

Ele é meu escudeiro

Tenho pinta de fazendeiro

Sem ter no bolso um centavo

Com ele já fui à missa

Exposto em cima do peito

Seguro nas minhas orações

Demostrando o meu respeito

Já encarei a enxada

Fui o Rei da vaquejada

Sou sempre do mesmo jeito

Com ele derrubei mato

Lacei boi na invernada

Tomei sereno no lombo

Procurando namorada

Gritei leitão na fazenda

Tomei pinga lá na venda

E andei em mula selada

Com ele comi leitoa

Em festa de casamento

Toquei sanfona e viola

Já fui um sujeito marreto

Argolinhas e cavalgadas

De novenas e alvoradas

Eu sempre estava por dentro

Com ele já tirei leite

Já cuidei da bezerrama

Já tive os meus amores

Também já passei por dramas

Já derrubei boi na faixa

E para mulher que se acha

Eu derrubava na cama

Tudo aquilo ficou para trás

Pertencendo ao passado

Hoje vivo em cima da cama

Há tempo mobilizado

Feito um conto de ciranda

lá no torno da varanda

Meu chapéu está pendurado

Fim.

Ivan Sousa
Enviado por Ivan Sousa em 30/09/2011
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