Na aba do meu chapéu.
Meu chapéu de couro rústico
Que acompanha minha peleja
O suor é a marca do tempo
Atrás do que se almeja
Ele é meu companheiro
O meu fiel escudeiro
Sobre o que agente planeja
Com ele já domei boi
E derrubei touro bravo
Encarei boca de cobra
De selvagem fiz escravo
Ele é meu escudeiro
Tenho pinta de fazendeiro
Sem ter no bolso um centavo
Com ele já fui à missa
Exposto em cima do peito
Seguro nas minhas orações
Demostrando o meu respeito
Já encarei a enxada
Fui o Rei da vaquejada
Sou sempre do mesmo jeito
Com ele derrubei mato
Lacei boi na invernada
Tomei sereno no lombo
Procurando namorada
Gritei leitão na fazenda
Tomei pinga lá na venda
E andei em mula selada
Com ele comi leitoa
Em festa de casamento
Toquei sanfona e viola
Já fui um sujeito marreto
Argolinhas e cavalgadas
De novenas e alvoradas
Eu sempre estava por dentro
Com ele já tirei leite
Já cuidei da bezerrama
Já tive os meus amores
Também já passei por dramas
Já derrubei boi na faixa
E para mulher que se acha
Eu derrubava na cama
Tudo aquilo ficou para trás
Pertencendo ao passado
Hoje vivo em cima da cama
Há tempo mobilizado
Feito um conto de ciranda
lá no torno da varanda
Meu chapéu está pendurado
Fim.