Velho Zeca
Você se foi, camará
E eu não te conheci
Mas do que ouvi falar
Uma falta grande senti
Jeitão alegre, sapeca
Saudades, oh, velho Zeca
Você deixou por aqui
Suas meninas choraram
Lágrimas desesperadas
Daquelas que só se choram
Quando pra sempre marcadas
Sem seus carinhos e abraços
Tentam juntar os pedaços
Mas entre si são atadas
Uma dose de conhaque
Uma cerveja gelada
A vontade de viver
Só por amar e mais nada
Mas um dia a vida seca
É triste, meu velho Zeca
Chegar ao fim dessa estrada
Noventa e oito de idade
Mas a vida é sempre breve
E por mais que a gente viva
Vem a morte e se atreve
A calar nossa alegria
De viver o dia a dia
Nunca é como se deve
Sei que viveu pelo bem
Amando e sabendo amar
E dedicou-se à família
Sem nada em troca esperar
Papai do Céu tudo checa
É certo, meu velho Zeca
Que está num melhor lugar.