PODE CRER, ISSO É COISA DO SERTÃO!

PODE CRER, ISSO É COISA DO SERTÃO!

Um barreiro sem água, ressequido

Um jumento com um par de caçuás

Armadilhas com que pegam preás

Casa feita de taipa e chão batido

Um terreiro pequeno bem varrido

Juazeiro frondoso no oitão

Vira-lata encrenqueiro faz questão

De sentar pra latir bem no batente

Quem já viu essas cenas diz pra gente

Pode crer, isso é coisa do sertão

Cururus saltitando vão e vem

A procura de inseto e de besouro

Ruminando tranquilo vê-se um touro

Perto dele a vaca está também

Pangaré relinchando como quem

Está cobrando do dono a ração

Costumeira pra sua refeição

Com a qual já está acostumado

Uma junta de bois puxando arado

Pode crer, isso é coisa do sertão

Umbuzeiro exibindo a florada

Sem sequer uma folha que lhe vista

Anum branco exibindo sua crista

Quando canta deixando-a arrepiada

Essa espécie está ameaçada

Pelo fado cruel da extinção

As formigas seguindo em procissão

Vão e voltam do mato ao formigueiro

Acauã dando grito no outeiro

Pode crer, isso é coisa do sertão!

Um engenho moendo cana pura

E movido a força de jumento

O produto extraído é cem por cento

Transformado em mel e rapadura

A raposa faminta se aventura

Pra que pegue a galinha ou o capão

O cachorro que estava de plantão

Fez que o fato não fosse consumado

A família cuidando do roçado

Pode crer, isso é coisa do sertão!

Caninana na beira do riacho

Perseguindo a rã ou o caçote

É certeira jamais perde seu bote

O queijeiro na tenda acende o facho

Faz o fogo de lenha esquenta o tacho

Monta a maquina depois limpa o pinhão

Pra do leite fazer desnatação

E assim tenha bons queijos fabricados

Com o soro engorda seus cevados

Pode crer, isso é coisa do sertão!

Carlos Aires 13/09/2011

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 13/09/2011
Reeditado em 13/09/2011
Código do texto: T3216756
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