O vôe da matuta (FINAL)
Parte 1: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/3170467
Parte 2: http://www.recantodasletras.com.br/cordel/3178873
-----
101
Cum jeitim ela se assenta
No banco todo moiado
Tinha que butá o sinto
Vei lembrança do passado
Assentosse bem filé
Abriu logo u capilé
Qui tombem tinha sobrado
102
Antes de tê terminado
Deu pausa pra rispirá
Deu mai um gole do grandi
Quera pru mode arrotá
Se lembrôsse do rapé
Quiria ispirrá inté
Se meteu a prucurá
103
Ela nada de incontrá
Mai achô nu fim da luta
A lata de voporub
Cherô fazeno premuta
No isquerdo cherô cum jeito
Dispoi mirô no direito
Qui paricia disputa
104
Vistida numa saia curta
Condo ispirrô se abriu
As perna perdeu o modo
Queim tava perto surriu
Cum xêro que si ispaiô
Juntano cum que avistô
O xêro se dividiu
105
Foi de sintir arripiu
Vê tanta perna pru á
O avião feiz Carrêra
Pro mode se alevantá
Na hora queli subiu
Um outo ispirro saiiu
Cum peido a acumpanhá
106
O estrodo foi de lascá
A Siva teve recei
Um peido sempre e normá
Mai esse vei cum rechei
Alem de num saí mudo
Arrastô foi quasi tudo
Que o buxo tinha no mei
107
Almentô o aperrei
E siva ficou tristonha
Num tava mai pra cunvessa
Tava morta de veigonha
Sem pudê se alevantá
Desejano Tumá um chá
De foia da papaconha
108
Pra acabá a inronha
Ficô ali caladinha
Foi chêgano im Jom Pessoa
Já era quase noitinha
Num quis oiá na jinela
Nem ispiou as favela
Nem deu uma oiadinha
109
Nos arredó as viziha
Tava tudo arripunada
Catinga pra todo lado
Só via venta fechada
O azidume aumentou
Condo ela se levantou
Cum a bunda toda moiada
110
Levantô sem dizê nada
Fez finca im rumo à porta
Inda deu uma rabissaca
Feiz bico cua boca torta
Mai a sacola mardita
A vuga e bela marmita
’Essa eu num dêxo nem morta’
111
Ainda gritô me sorta
Sem ter istilo e manêra
A saia inganchô no braço
Que dividia as cadêra
Quasi qui mostrava tudo
Pobi do braço pontudo
Ia quebrano pru bestêra
112
Dali ela fêi Carrêra
Quiria descê na frente
Cuns tamanco munto arto
Pisano nos pés das gente
Desceu a iscada as pressa
Nundeu uvido as cuvessa
De quebra gritô oxênte
113
Colocô insua mente
Queas mala ia se sumí
Puriço ia apressada
Mode elas num figí
Mai viu logo a mutidão
Sem levá nada na mão
Acalmosse por alí
114
A pocos metro Dalí
Inxeigô um sanitáro
Foi lá pra vê o istrago
O qui tanto cumentáro
Mai disistiu condo oiô
Qui a bagacêra avistô
Valêi-me meu iscapuláro
115
Foi dizeno é necessáro
Eu pegá minha maleta
E machô pra o tumuto
Sem oiá a etiqueta
Poi tava bem ispertinha
Que as fita vermeiinha
Marca a minha, num se meta!
116
Pru guarda inda fez careta
Deu dedo, língua istirô
Pego a mala e a bossa
E pru branhero tirô
Mai tava tudo lotado
Acho um disocupado
Abriu a porta e intrô
117
Entrano se admirô
Daquele ispaço gigante
Era pra dificiente
Ela acho enteressante
Na hora de se abaxá
Quiria se acocorá
Da sua forma elegante
118
Té tentô algum intante
Mai nada de consigui
Subiu incima do bixo
Acho mió disiti
Intronxô de novo o bico
Deu de garra do pinico
Cumeçô se divirti
119
Assentosse pra curti
E incima se acocora
Pegou papé ingiênico
Fez alimpeza pru fora
Depoi juntou os miúdo
Passô água no sortudo
Sem sabão e foi simbora
120
Saíndo disse e agora
Quero ir para Prencesa
Pra ir pra rodoviára
Foi momento de tristeza
Sem mai dinhero no Bosso
Pidiu carona um moço
Que admirô sua beleza
121
E disse isso é moleza
Foi falano o motorista
Moça bunita num paga
Nem mermo sendo turista
Mai só condo ela intrô
Que o fedor se ispaiô
O chofé baixô a crista
122
Quis bancá o monobrista
Dispistano a fedentina
Disse o carro vai pará
Pro farta de gasulina
Mai para se livra dela
Disse eu boto inte banguela
Não se precupe menina
123
Seguiu fexano as narina
Sem sabe o quera aquilo
Xego na rodoviára
Se dispidiu bem tranqüilo
E ela foi pra agença
Cua quela bela apareça
Capacidade e istilo
124
Carregano seus bacilo
Já foi logo preguntano
Tem passagi pra prensesa
Qui o cansaço ta chegano
Vamo cunvessar direito
Batia forte nos peito
E foi logo se isplicano
125
Num fique me admirano
Que vo dizê donde venho
To chegano de viagi
Dinhêro que é bom num tenho
Mas se você cumbiná
Eu possu inte te dêxá
Minhas joais Cuma impenho
126
Juntu tudo qui eu contenho
I dêxo aí impenhado
Tem uns brinco e pussêra
Um relógi fuleado
Te dô essa gargantilha
Inte o raidim de pilha
Qui eu trago bem guardado
127
O atendente educado
Foi a prosa interropeno
Não tem oibo mai pra hoje
Puriço to li dizeno
Venha amanhã bem cedo
Que o cobrado é Tranquedo
Vai oiá o que to veno
128
Tome um banho pelo meno
Tira essa rôpa suada
Tire o xero de difunta
Ela saiu amuada
Procurô um apusento
Um banhero fedorento
Se sintino invergonhada
129
Toro a fita incarnada
Da mala quela trazia
Tiro xampú e sabunete
Pra infrentá a água fria
Qui num era muito istranho
Água fria pro seu banho
Mai quiria uma bacia
130
Foi aquela istripulia
Banhero era um cubíco
Arrastô duma sacola
Grandi lençó de fuxico
Que ate paricia estranho
Uma bolota de estanho
Era o famoso pinico
131
Juízo num tinha tico
Agino dessa manera
Puxo da ôtra sacola
Champú e sabonetera
Dano grória e aliluia
Ia Tumá banho de cuia
Cum sabão de aroêra
132
Cantano mulé rendera
Abriu a porta e intrô
Já tava toda suada
Cum o abafado e calô
Tiro a ropa melada
Tava toda invernizada
E a limpeza cumeçô
133
Dispoi que tudo infregô
Tirou o grudi qui havia
Sabonetera era a cuia
Piníco era a bacia
Dispensô as bota longa
Boto as meia e uns conga
Uzano a merma mania
134
Junto o que tinha valia
A roupa suja imalô
O quejo e o capilé
Lá no lixo colocô
Lá do banhêro e saiu
Num banco duro durmiu
Te a hora que acordô
135
Foi na agença e falô
Viu o valô na tabela
Dizeno tô sem dinhero
Cobradô teve dó dela
Disse vô dá um jeitim
Mai faça um favo pra mim
Lave us óis tire a remela
136
Admirano a donzela
Imaginô num esquema
E disse tu vai pra donde
Eu resolvo teu pobrema
Eu tiro a passage agora
Confiano na sinhora
Poi aqui num tem sistema
137
Foi puxano a alfazema
A iscova de cabelo
Foi mudano o pintiado
Passano graxa nos pelo
Pinto os zoi cum marrom
Foi retocano o batom
E fazeno seu apelo
138
Sô grata pelo seu zelo
Pago condo xega lá
Meu padrasto me arruma
Cumeço se ixpricá
Pegô a istrada bem cedo
Espiano o arvoredo
Vei a hora de armuçá
139
Convidaro pra sentá
Na mesa do motorista
O cobrador deu a idéia
Dizeno ela é turista
E armoçô do mió
Cumeu inte mocotó
Ganhô jornal e revista
140
O õibus pegô a pista
Ela foi se preguntano
O cobrado li oiava
Vez inquando os zói piscano
Já era ditardizinha
Foi avistano a terrinha
E logo se levantano
141
O cobradô tinha um plano
Xamo ela i ispricô
Você vai fica cumigo
Ela dixe eu num vô
Ispere que eu vô incasa
Liugero que nem tem asa
Ligero foi e vortô
142
Arapinha qui imprestô
O dinhero sem demora
Preguntô pruque vortô
Valei-me nossa sinhora
Ela dixe deu errado
Que bixo caro danado
Arrente paga é purora
143
Me azuei e vim imbora
Mai eu ainda avuêi
Fui in ricife e vi tudo
Mai de lá mermo vortêi
Contou a istóra o povo
Nunca mai vuou de novo
Mai chia que só nem sêi
144
Quem riu que ficô vermêi
Foi o pobe de arapinha
Mai dispôi foi castigado
Pruque a pobe neguinha
Tava quase é de irmola
Sufocada inte a gola
Poi vendeu tudo que tinha
145
Mudou nome pra Silvinha
Na gíria se acustumô
Tudo só fala xiano
Pra mostrá que passiô
Cobradô ela nunquiz
Mermo assim vevi filiz
Mai nunca mai avuô
146
Jamai se acustumô
A falá do mermo jeito
Ia cada veiz inovano
Livremente seus preceito
Também imitava os gringo
O falá cheio de gingo
Nisso foi o seu pruveito