O vôe da matuta (FINAL)

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101

Cum jeitim ela se assenta

No banco todo moiado

Tinha que butá o sinto

Vei lembrança do passado

Assentosse bem filé

Abriu logo u capilé

Qui tombem tinha sobrado

102

Antes de tê terminado

Deu pausa pra rispirá

Deu mai um gole do grandi

Quera pru mode arrotá

Se lembrôsse do rapé

Quiria ispirrá inté

Se meteu a prucurá

103

Ela nada de incontrá

Mai achô nu fim da luta

A lata de voporub

Cherô fazeno premuta

No isquerdo cherô cum jeito

Dispoi mirô no direito

Qui paricia disputa

104

Vistida numa saia curta

Condo ispirrô se abriu

As perna perdeu o modo

Queim tava perto surriu

Cum xêro que si ispaiô

Juntano cum que avistô

O xêro se dividiu

105

Foi de sintir arripiu

Vê tanta perna pru á

O avião feiz Carrêra

Pro mode se alevantá

Na hora queli subiu

Um outo ispirro saiiu

Cum peido a acumpanhá

106

O estrodo foi de lascá

A Siva teve recei

Um peido sempre e normá

Mai esse vei cum rechei

Alem de num saí mudo

Arrastô foi quasi tudo

Que o buxo tinha no mei

107

Almentô o aperrei

E siva ficou tristonha

Num tava mai pra cunvessa

Tava morta de veigonha

Sem pudê se alevantá

Desejano Tumá um chá

De foia da papaconha

108

Pra acabá a inronha

Ficô ali caladinha

Foi chêgano im Jom Pessoa

Já era quase noitinha

Num quis oiá na jinela

Nem ispiou as favela

Nem deu uma oiadinha

109

Nos arredó as viziha

Tava tudo arripunada

Catinga pra todo lado

Só via venta fechada

O azidume aumentou

Condo ela se levantou

Cum a bunda toda moiada

110

Levantô sem dizê nada

Fez finca im rumo à porta

Inda deu uma rabissaca

Feiz bico cua boca torta

Mai a sacola mardita

A vuga e bela marmita

’Essa eu num dêxo nem morta’

111

Ainda gritô me sorta

Sem ter istilo e manêra

A saia inganchô no braço

Que dividia as cadêra

Quasi qui mostrava tudo

Pobi do braço pontudo

Ia quebrano pru bestêra

112

Dali ela fêi Carrêra

Quiria descê na frente

Cuns tamanco munto arto

Pisano nos pés das gente

Desceu a iscada as pressa

Nundeu uvido as cuvessa

De quebra gritô oxênte

113

Colocô insua mente

Queas mala ia se sumí

Puriço ia apressada

Mode elas num figí

Mai viu logo a mutidão

Sem levá nada na mão

Acalmosse por alí

114

A pocos metro Dalí

Inxeigô um sanitáro

Foi lá pra vê o istrago

O qui tanto cumentáro

Mai disistiu condo oiô

Qui a bagacêra avistô

Valêi-me meu iscapuláro

115

Foi dizeno é necessáro

Eu pegá minha maleta

E machô pra o tumuto

Sem oiá a etiqueta

Poi tava bem ispertinha

Que as fita vermeiinha

Marca a minha, num se meta!

116

Pru guarda inda fez careta

Deu dedo, língua istirô

Pego a mala e a bossa

E pru branhero tirô

Mai tava tudo lotado

Acho um disocupado

Abriu a porta e intrô

117

Entrano se admirô

Daquele ispaço gigante

Era pra dificiente

Ela acho enteressante

Na hora de se abaxá

Quiria se acocorá

Da sua forma elegante

118

Té tentô algum intante

Mai nada de consigui

Subiu incima do bixo

Acho mió disiti

Intronxô de novo o bico

Deu de garra do pinico

Cumeçô se divirti

119

Assentosse pra curti

E incima se acocora

Pegou papé ingiênico

Fez alimpeza pru fora

Depoi juntou os miúdo

Passô água no sortudo

Sem sabão e foi simbora

120

Saíndo disse e agora

Quero ir para Prencesa

Pra ir pra rodoviára

Foi momento de tristeza

Sem mai dinhero no Bosso

Pidiu carona um moço

Que admirô sua beleza

121

E disse isso é moleza

Foi falano o motorista

Moça bunita num paga

Nem mermo sendo turista

Mai só condo ela intrô

Que o fedor se ispaiô

O chofé baixô a crista

122

Quis bancá o monobrista

Dispistano a fedentina

Disse o carro vai pará

Pro farta de gasulina

Mai para se livra dela

Disse eu boto inte banguela

Não se precupe menina

123

Seguiu fexano as narina

Sem sabe o quera aquilo

Xego na rodoviára

Se dispidiu bem tranqüilo

E ela foi pra agença

Cua quela bela apareça

Capacidade e istilo

124

Carregano seus bacilo

Já foi logo preguntano

Tem passagi pra prensesa

Qui o cansaço ta chegano

Vamo cunvessar direito

Batia forte nos peito

E foi logo se isplicano

125

Num fique me admirano

Que vo dizê donde venho

To chegano de viagi

Dinhêro que é bom num tenho

Mas se você cumbiná

Eu possu inte te dêxá

Minhas joais Cuma impenho

126

Juntu tudo qui eu contenho

I dêxo aí impenhado

Tem uns brinco e pussêra

Um relógi fuleado

Te dô essa gargantilha

Inte o raidim de pilha

Qui eu trago bem guardado

127

O atendente educado

Foi a prosa interropeno

Não tem oibo mai pra hoje

Puriço to li dizeno

Venha amanhã bem cedo

Que o cobrado é Tranquedo

Vai oiá o que to veno

128

Tome um banho pelo meno

Tira essa rôpa suada

Tire o xero de difunta

Ela saiu amuada

Procurô um apusento

Um banhero fedorento

Se sintino invergonhada

129

Toro a fita incarnada

Da mala quela trazia

Tiro xampú e sabunete

Pra infrentá a água fria

Qui num era muito istranho

Água fria pro seu banho

Mai quiria uma bacia

130

Foi aquela istripulia

Banhero era um cubíco

Arrastô duma sacola

Grandi lençó de fuxico

Que ate paricia estranho

Uma bolota de estanho

Era o famoso pinico

131

Juízo num tinha tico

Agino dessa manera

Puxo da ôtra sacola

Champú e sabonetera

Dano grória e aliluia

Ia Tumá banho de cuia

Cum sabão de aroêra

132

Cantano mulé rendera

Abriu a porta e intrô

Já tava toda suada

Cum o abafado e calô

Tiro a ropa melada

Tava toda invernizada

E a limpeza cumeçô

133

Dispoi que tudo infregô

Tirou o grudi qui havia

Sabonetera era a cuia

Piníco era a bacia

Dispensô as bota longa

Boto as meia e uns conga

Uzano a merma mania

134

Junto o que tinha valia

A roupa suja imalô

O quejo e o capilé

Lá no lixo colocô

Lá do banhêro e saiu

Num banco duro durmiu

Te a hora que acordô

135

Foi na agença e falô

Viu o valô na tabela

Dizeno tô sem dinhero

Cobradô teve dó dela

Disse vô dá um jeitim

Mai faça um favo pra mim

Lave us óis tire a remela

136

Admirano a donzela

Imaginô num esquema

E disse tu vai pra donde

Eu resolvo teu pobrema

Eu tiro a passage agora

Confiano na sinhora

Poi aqui num tem sistema

137

Foi puxano a alfazema

A iscova de cabelo

Foi mudano o pintiado

Passano graxa nos pelo

Pinto os zoi cum marrom

Foi retocano o batom

E fazeno seu apelo

138

Sô grata pelo seu zelo

Pago condo xega lá

Meu padrasto me arruma

Cumeço se ixpricá

Pegô a istrada bem cedo

Espiano o arvoredo

Vei a hora de armuçá

139

Convidaro pra sentá

Na mesa do motorista

O cobrador deu a idéia

Dizeno ela é turista

E armoçô do mió

Cumeu inte mocotó

Ganhô jornal e revista

140

O õibus pegô a pista

Ela foi se preguntano

O cobrado li oiava

Vez inquando os zói piscano

Já era ditardizinha

Foi avistano a terrinha

E logo se levantano

141

O cobradô tinha um plano

Xamo ela i ispricô

Você vai fica cumigo

Ela dixe eu num vô

Ispere que eu vô incasa

Liugero que nem tem asa

Ligero foi e vortô

142

Arapinha qui imprestô

O dinhero sem demora

Preguntô pruque vortô

Valei-me nossa sinhora

Ela dixe deu errado

Que bixo caro danado

Arrente paga é purora

143

Me azuei e vim imbora

Mai eu ainda avuêi

Fui in ricife e vi tudo

Mai de lá mermo vortêi

Contou a istóra o povo

Nunca mai vuou de novo

Mai chia que só nem sêi

144

Quem riu que ficô vermêi

Foi o pobe de arapinha

Mai dispôi foi castigado

Pruque a pobe neguinha

Tava quase é de irmola

Sufocada inte a gola

Poi vendeu tudo que tinha

145

Mudou nome pra Silvinha

Na gíria se acustumô

Tudo só fala xiano

Pra mostrá que passiô

Cobradô ela nunquiz

Mermo assim vevi filiz

Mai nunca mai avuô

146

Jamai se acustumô

A falá do mermo jeito

Ia cada veiz inovano

Livremente seus preceito

Também imitava os gringo

O falá cheio de gingo

Nisso foi o seu pruveito

Jailton Antas
Enviado por Jailton Antas em 07/09/2011
Reeditado em 11/07/2015
Código do texto: T3206882
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